No Brasil, a Chapecoense foi declarada inocente. Os procuradores entendem que não há irregularidades nos contratos firmados entre o clube brasileiro e a empresa aérea. Os próximos tempos serão decisivos
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Um ano depois da tragédia da Chapecoense que vitimou 71 pessoas, entre jogadores, funcionários do clube e jornalistas, as autoridades envolvidas nas investigações ainda não entregaram um relatório definitivo.
Logo após o desastre, os colombianos da GRIAA (Grupo de Investigação de Acidentes Aéreos da Autoridade Aeronáutica) iniciaram as primeiras perícias. De forma preliminar, divulgaram a 22 de dezembro que na origem da avaria estaria a falta de combustível. Na mesma altura, também havia a suspeita de excesso de peso na aeronave.
A "Chape" pagou 130 mil dólares (cerca de 110 mil euros) para fretar o voo da boliviana LaMia, cuja apólice de seguro estava suspensa por falta de pagamento e ainda não cobria viagens para Colômbia. Como o piloto Miguel Quiroga, que também era proprietário da companhia aérea, morreu, e o sócio Marco Antonio Rocha Venegas está foragido, existe uma enorme dificuldade jurídica em apontar os culpados pelo acidente.
De forma preliminar, divulgaram a 22 de dezembro que na origem da avaria estaria a falta de combustível
Até ao momento, além de Quiroga e Venegas, foram indiciadas outras quatro pessoas: dois operadores do aeroporto de Santa Cruz de la Sierra, que aprovaram o plano de voo irregular, Gustavo Vargas Gamboa, diretor da LaMia, e Gustavo Vargas Villegas, integrante da cúpula de aviação civil da Bolívia. Os dois últimos são os únicos que foram detidos, mas hoje já cumprem prisão domiciliária.
No início do mês, foram revelados indícios de que a empresa aérea pertencia, de facto, a Loredana Albacete, filha do ex-senador venezuelano Ricardo Albacete, o que pode aumentar ainda mais o tempo das investigações. Já no Brasil, a única conclusão do Ministério Público é a de que a Chapecoense não tem culpa. Os procuradores entendem que não há irregularidades nos contratos firmados entre o clube e a empresa boliviana.
Reforços na parte jurídica
Para não pôr em risco a sobrevivência do clube por causa de processos, a Chapecoense montou também uma "equipa" fora de campo. O clube resguardou-se na parte jurídica e, além de contar com quatro funcionários a lidar diretamente na própria sede, ainda possui uma empresa contratada em Florianópolis que cuida de assuntos relativos ao acidente aéreo. A outra fica em Porto Alegre para tratar apenas da parte do futebol e contratos.
Este trabalho é complementado por advogados que trabalham em nome da "Chape" na Bolívia, onde está registada a LaMia, empresa responsável pelo avião que caiu na Colômbia. O andamento do processo em solo boliviano é a maior preocupação das famílias das vítimas, que, além de justiça, exigem o acesso total aos documentos para não perderem o prazo para eventuais ações. Logo após a tragédia, receberam cada uma delas as rescisões dos atletas, com 40 salários pagos como seguro contratual e prémios pré-estabelecidos.
Outra importante luta dos familiares é em relação ao seguro do avião, que estava firmado em 25 milhões de dólares (quase 21 milhões de euros).