Temporada do "luto" e também da "volta por cima" começou com o título do Campeonato Catarinense e terminou com o apuramento para a Taça Sul-Americana de 2018.
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O maior desastre aéreo da história do futebol completa esta quarta-feira um ano. No dia 29 de novembro de 2016, o avião que transportava a Chapecoense para participar na primeira mão da final da Taça Sul-Americana, frente ao Atlético Nacional, caiu nos arredores de Medellín, na Colômbia, deixando 71 mortos e apenas seis sobreviventes.
A tragédia comoveu o mundo, criou cicatrizes eternas nos familiares das vítimas e obrigou o clube brasileiro a reconstruir-se praticamente do zero. Uma volta por cima digna de um guião de um filme, com o primeiro capítulo coroado com a conquista do Campeonato Catarinense logo no primeiro semestre de 2017.
"A temporada que está perto de terminar, do ponto de visto desportivo, é extraordinária. Mas usar este adjetivo num ano em que lidamos com luto é complicado, é preciso ter muito cuidado e sensibilidade na escolha das palavras. Atingimos diversas metas, como o apuramento para a Taça Sul-Americana de 2018, o que era impensável no início da época. Conseguimos um título e ainda chegamos a liderar por algumas rondas o campeonato brasileiro", destacou o diretor-executivo Rui Costa a O JOGO.
"A Chapecoense é o maior 'case study' do futebol mundial. Só não celebrou ainda mais esta época porque, repito, não é justo demonstrar tanta euforia agora que a tragédia completa um ano. Estamos orgulhosos", completou.
Aumento: nos últimos cinco anos, a marca do clube brasileiro cresceu 546 por cento
O processo de reestruturação da "Chape" contou com a contratação de 33 jogadores, entre eles Arthur Moraes, antigo guarda-redes do Benfica e do Braga, e de três técnicos (Vagner Mancini, Vinícius Eutrópio e Gilson Kleina). As mudanças no comando técnico, juntamente com a eliminação na Taça Libertadores por causa da convocação irregular do central Luiz Otávio, acabaram por ser os momentos mais turbulentos e que geraram fortes críticas.
Fora de campo, os feitos também foram significativos. O número de sócios saltou de nove mil para 34 mil, incluindo adeptos até do Reino Unido. A Chapecoense também foi o clube cuja marca mais cresceu entre as equipas da elite do futebol brasileiro, com impressionantes 546% em cinco anos, desde que deixou as divisões secundárias.
"Os rótulos de clube coitadinho e bonzinho não foram criados pela Chapecoense. O tempo médio de permanência de um treinador no Brasil é de quatro meses. Isto está errado, é claro, mas acontece. Nada do que aconteceu nesta época foi inédito. Adotamos um papel profissional, como qualquer outro clube que acerta e erra. Hoje, apesar de toda dificuldade, temos mais acertos", desabafou Rui Costa.