A equipa de Chiquinho Conde situa-se a norte de Moçambique, perto da Barragem de Cahora Bassa, a 4ª maior de África, construída por portugueses em 1969
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O treinador que em jeito de brincadeira diz que em Portugal só lhe comeram a carne, mas não lhe querem comer os ossos... Uma vez que depois da sua carreira de sucesso de jogador em Portugal, a sua carreira de treinador, sempre em Moçambique, também começa a demonstrar consistência. Prova disso são os 3 títulos que já conta no seu currículo: um campeonato, uma taça e uma supertaça. E agora ao comando do UD Songo, o treinador de 51 anos, pode vencer a corrida nesta reta final do campeonato, onde tem ombreado lado a lado com a equipa, Costa do Sol, liderada pelo português Nelson Santos, que com 33 anos já foi adjunto de Diamantino, e de equipas como o Marítimo e o Belenenses. Note-se que o UD Songo nunca conquistou nenhum campeonato e apenas venceu a primeira taça na época passada.
Ambos os treinadores ainda se encontram nas meias-finais da Taça de Moçambique, mas não vão estar frente-a-frente, jogam a primeira mão para a passagem à final dia 06 de setembro, nas suas respetivas casas.
Chiquinho Conde não esconde o sonho de um dia ainda ter a oportunidade de voltar ao futebol europeu, e treinar por exemplo uma equipa em Portugal. Ele que já estagiou no Manchester United e Real Madrid, conta também com uma passagem como selecionador interino em 2010, curiosamente frente a Portugal, num jogo de preparação para o Mundial na África do Sul, onde o resultado final foi 3-0 a favor de outro treinador moçambicano, Carlos Queiroz.
A equipa de Chiquinho Conde situa-se a norte de Moçambique, perto da Barragem de Cahora Bassa, a 4ª maior de África, construída por portugueses em 1969. O treinador moçambicano afirma que Moçambique continua a ser um verdadeiro viveiro de jogadores, só não chegam mais ao velho continente devido à falta de prospeção por parte dos clubes neste território.
O projeto Talent Spy tem sido inovador neste sentido, ao estar a criar a primeira base de dados digital para este país, o que certamente vai permitir aos clubes estrangeiros, como o caso dos portugueses, acompanharem o talento emergente neste território.
Dois jogadores em destaque na equipa do Songo são Luís Miquissone e Manuel Kambala. Kambala tem já 26 anos, mas apresenta condições para jogar num campeonato como o português. Pé direito, habituado a fazer as posições de nº6 ou nº8, tem características mais defensivas, pode também funcionar como um box-to-box, onde apresenta facilidade no remate de meia distância.
Já Luís Miquissone, ambidestro, evidencia talento puro para o golo. O melhor marcador do Moçambola da época passada, com 22 anos, já não deve fugir ao mercado que mais tem roubado talentos em Moçambique, o campeonato da África do Sul, por onde passaram jogadores como o melhor marcador de sempre daquela seleção, Tico-Tico, que chegou a jogar no Estrela da Amadora em 1994/1995. Mas outros continuam a atuar na Premier Soccer League, como o defesa-central da seleção dos mambas, Jeitoso, e o médio Dominguês, que embora nunca tenha jogado fora do contexto africano sempre apresentou um rendimento possível para ingressar noutros destinos futebolísticos.