O treinador da seleção sub-19 de Espanha contou tudo o que fez para tentar ajudar o pai, que estava infetado com covid-19, e como foi a despedida.
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Santi Denia, treinador da seleção sub-19 de Espanha, contou no programa El Larguero, da SER, aquilo que dofreu nos últimos dias ao ter que se despedir do seu pai, de 86 anos, devido ao coronavírus.
"Ele estava bem, numa residência de Albacete. Foi muito rápido. A minha irmã teve tempo de se despedir porque o médico avisou à hora de comer: disse-nos que ele tinha piorado. Cheguei duas horas depois, a gritar 'Chapi', que é assim se lhe chamamos, e já não estava...", começou por contar.
"Tentei encontrar um ventilador em Albacete para o meu pai. Pensei que era a única possibilidade de lhe dar uma oportunidade. Pedi ao médico, a amigos de Albacete, a amigos em Madrid, mas Espanha tem uma situação complicada. Pensei em levá-lo também para Madrid, mas o médico desaconselhou a viagem. Não havia opção porque não havia ventiladores em lado nenhum", disse Santi Denia.
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O antigo jogador do Albacete e do Atlético de Madrid contou ainda como foi descobrir que o pai tinha falecido e saber que tinha de fazer o funeral rapidamente: "Não houve maneira de conseguir esse ventilador porque o sistema está a transbordar. Eu não sou mais, nem menos do que ninguém para que me dessem um ventilador. Sou apenas um cidadão que procurava dar uma oportunidade ao meu pai. Na manhã seguinte, chamaram a minha irmã e disseram que tinha falecido e que às 17h00 tínhamos de o enterrar".
"Fomos quatro pessoas ao velório, sem nos podermos abraçar, com máscaras. Foi muito duro. Dentro do mau, ao menos tivemos a sorte de poder despedirmo-nos dele. Dentro do mau, acabamos por ter sorte, mas não pude nem abraçar a minha irmã", lamentou.
Recorde-se que Espanha é o segundo país com maior número de mortes, registando 9053, entre 102 136 casos de infeção confirmados até esta quinta-feira.