"Por que é que na primeira divisão há 600 jogadores e não há homossexuais?"

Com seis medalhas nacionais e duas internacionais, Marc Fortuny era um dos mais promissores judocas espanhóis. No entanto, o judoca desapareceu da ribalta. Agora, Fortuny volta a ser notícia depois de se ter assumido como homossexual, tendo o objetivo de normalizar o tópico ainda tabu no desporto.

"Tive que deixar o desporto de elite porque não estava bem e precisava de uma pausa para refletir e dar um passo à frente no campo mais pessoal. Não estava feliz. Estava a fazer algo que fiz a minha vida toda, mas alguns dias pareciam uma tortura. Era muito duro. Já conseguia ver que era gay e não sabia como gerir isso. Não me via capaz de continuar a competir, de continuar no mundo do judo e aceitar quem sou. Por isso decidi sair e ser eu mesmo", afirmou Fortuny, em entrevista à Marca.

O judoca afirma que o facto de o judo ser um desporto de contacto influenciou a sua decisão de abandonar a modalidade com medo do preconceito. "Creio que influenciou porque, ao ser um desporto de contacto, tens a sensação que podes incomodar alguém. Quando praticava judo pensava: "se confessar aos meus colegas, quando houver outro combate alguém vai achar que lhe estou a tocar ou que o estou a ver de uma maneira diferente'", contou.

Afirmando que "os medos já passaram", Fortuny acredita que há muitos mais desportistas que ainda não se assumiram por medo. "Têm de haver muitos mais desportistas que são gays. Que saiam a público futebolistas ou pessoas muito influentes, assim tudo mudará. Uma pessoa é homossexual e não perde a sua masculinidade", referiu, antes de continuar.

"Por favor, que alguém se questione porque é que na primeira divisão há mais de 600 jogadores e não há nenhum homossexual. Eu não entendo. Há muitos tabus porque estas pessoas têm medo de não ser pretendidos pelos clubes, porque há muita pressão. E inclusivamente pela imagem, porque ser homossexual é associado a algo mau", considerou.