Atletismo será tubo de ensaio: Catar vai arrefecer estádios utilizando energia solar
Atletismo vai testar, em 2019, o sistema de refrigeração por absorção que garantirá temperaturas de 20 graus até no exterior.
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Os atletas, jogadores e público envolvidos nos campeonatos do mundo que o Catar vai receber - atletismo em 2019 e futebol em 2022 - não sofrerão as agruras climatéricas de um país que no verão tem temperaturas entre 40 e 50 graus. Nos estádios, tanto dentro como fora, estão anunciados 20 graus para o futebol e entre 24 e 26 para o atletismo!
Dahlan Al Hamad, catari vice-presidente da Federação Internacional de Atletismo, assegura que o revolucionário sistema de aquecimento, ventilação e ar condicionado (AVAC), criado pela Universidade do Catar, num projeto iniciado em 2015, está testado e que o Estádio Internacional Khalifa, com 47 mil lugares, em Doha, permitirá um "microclima supercontrolado" entre 27 de setembro e 6 de outubro do próximo ano, datas do primeiro dos grandes campeonatos. O recinto, instalado na zona da Academia Aspire, sofreu uma segunda grande renovação e será um dos oito estádios para o Mundial de futebol.
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Saud Abdul-Aziz Abdul-Ghani, o engenheiro que liderou a equipa que criou este sistema, a replicar em todos os outros estádios do Mundial de futebol, considera a nova tecnologia "um sonho tornado realidade". Os refrigeradores por absorção foram inventados pelo cientista francês Ferdinand Carré, em 1858, para criar gelo utilizando fontes de calor. A novidade será a escala a que os cataris vão elevar o processo, pois instalaram um campo de painéis solares a um quilómetro do recinto, para aquecer tubos de água a 200 graus, com o processo de conversão a permitir retirar daí o vapor a cinco graus que será lançado nos estádios e no seu exterior e ainda eletricidade suficiente para os abastecer. Graças a esse ar fresco, conjugado com tetos que permitirão manter a temperatura, a climatização será sempre automaticamente controlada.
"O sistema é 40% mais sustentável do que as técnicas normais de arrefecimento", diz Abdul-Ghani, com a firma de engenharia britânica Arup a garantir que os estádios Mundiais terão "emissões zero de carbono". Ao produzir ar frio utilizando a energia solar, o Catar vai apresentar avanços tecnológicos que, é fácil prever, terão utilizações além do futebol. "Para já, estamos a mudar a forma como o desporto é recebido no Médio Oriente. Mas este é um primeiro passo, muito mais está para chegar", garante o príncipe Hassan Al Thawadi.
28 dias
O Mundial do Catar será o primeiro a realizar-se no inverno - de 21 de novembro a 18 de dezembro - e num número de dias mais reduzido do que o habitual. Será também o último com 32 equipas, pois a FIFA terá 48 na edição de 2026, em Canadá, Estados Unidos e México, e excecionalmente terá oito estádios, número abaixo do habitual (na Rússia eram 12), mas mesmo assim elevado para um país com 2,5 milhões de habitantes e apenas 11 571 quilómetros quadrados.