Fernando Valente vive aventura recente na Indonésia e ao quarto jogo vai defrontar o filho Zé; e trata-se do dérbi marcado pela tragédia de há um ano, onde morreram mais de 130 pessoas
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Fernando Valente leva algumas semanas à frente do Arema, tendo conseguido aliviar a pressão de resultados que se abatia sobre o último classificado da Liga da Indonésia. O técnico de 64 anos conseguiu sete pontos em três jogos, animando a fuga à despromoção, tendo pela frente, agora, o jogo mais sensível do seu comando, tratando-se do dérbi com o Persebaya, o fatídico evento do desporto no país, já que foi a 1 de outubro de 2022, que morreram 131 pesssoas esmagadas numa demencial invasão de campo. Não bastassem estas razões para ser um jogo escrutinado e vigiado com as mais severas cautelas de segurança, Fernando Valente terá do outro lado do campo o filho Zé Valente, estrela do Persebaya e já um ídolo local.
Após conquistar sete pontos em três jogos pelo Arema, aliviando a pressão do que era o último e agora é antepenúltimo classificado, o técnico português espera que seja salvaguardada a integridade de todos.
"É um dérbi que constitui um desafio diferente e inesperado. Vai ser no estádio de Surabaya, o maior do país. Pode esgotar com 60 mil pessoas pois é uma rivalidade enorme. Os indonésios já vão apimentando o encontro com algumas provocações pelo jogo meter e pai e filho. Há um grande impacto e pode ser uma loucura! Para quem chegou há tão pouco tempo será um bom jogo para sentir todas essas emoções dignas de um grande espetáculo. Foi também o entusiasmo dos adeptos indonésios que me fez vir para cá", relata Fernando Valente, reconhecendo ainda os apertos nos preparativos e o alto dispositivo de segurança em marcha, depois de um horror difícil de acreditar num estádio de futebol.
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"Esperamos que a rivalidade não se transforme em más recordações, é, primeiramente, uma oportunidade de recordar as vítimas e fazer do futebol uma festa. É um jogo que vale três pontos, nada mais. Mas temos muito a fazer para continuar a retirar a equipa da situação em que se encontra", reflete.
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"Acarreta muitos cuidados e não sabemos ao certo o que vai acontecer. Não podemos fazer o treino de aquecimento estipulado no estádio, não nos é permitido, não podemos ficar na cidade de Surabaya, são condicionamentos grandes. A tensão é muita e o meu filho vai-me avisando que devo entrar em campo num tanque da polícia. A proteção aos nossos jogadores será muito além do que já ouvimos falar. Mas é natural que se transforme uma tragédia em aprendizagem para que no final só se fale do que aconteceu no jogo. Há muito stress instalado mas espero que esteja salvaguardada a integridade de todos", reporta Fernando Valente, abordando um confronto quente marcado para sábado.