Relatório apresentado pela Comissão da Cultura manifesta a oposição a "competições dissidentes que minam a solidariedade, sustentabilidade e equidade"
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Com 29 votos contra, uma abstenção e apenas um a favor, os deputados do Parlamento Europeu rejeitaram, esta quinta-feira, o modelo competitivo da Superliga Europeia, competição "dissidente" anunciada, em abril passado, à revelia da UEFA.
"Precisámos de uma política empenhada na promoção do desporto. A nossa tarefa é proteger um modelo baseado em valores para as próximas gerações", notou Tomasz Frankowski, na redação do relatório da Comissão da Cultura, tendo o político apelado à luta contra "forças que perseguem uma visão empresarial" do desporto-rei.
A invocação feita por Frankowski encontrou eco no discurso do vice-presidente da Comissão Europeia para o Estilo de Vida Europeu. Na rede social Twitter, Margaritis Schinas vincou que o modelo europeu deve assentar na "diversidade e inclusão".
"Temos de defende um desporto baseado em valores. Não há lugar a reservá-lo para os poucos clubes ricos e poderosos que querem laços estreitos com tudo o que as associações representam", escreveu o político grego.
O relatório apresentado pela Comissão da Cultura, após a realização da votação a propósito do escrutínio à Superliga, manifesta a oposição a "competições dissidentes que minam a solidariedade, sustentabilidade e equidade" e que põem "em risco a estabilidade do ecossistema desportivo mais vasto" do Velho Continente.
A Superliga Europeia fora anunciada em abril passado, mas não "sobreviveu" mais de 48 horas, dadas a forte contestação manifestada por políticos, governos, UEFA, FIFA, federações, treinadores, jogadores, clubes e até adeptos.
Porém, os presidentes de Barça, Real Madrid e Juventus - trio fundador - consideram que a Superliga é uma prova necessária para a sustentabilidade financeira dos clubes da Europa e trabalham na possibilidade de avançar no futuro.
Essa posição ganhou mais força, em 20 de setembro, quando o líder da UEFA foi instado pelo juiz Manuel Ruiz de Lara, do 17.º Tribunal de Madrid, a retirar os castigos aplicados a Real Madrid, Barcelona e Juventus, por terem criado a prova.
O juiz espanhol declarara que a UEFA está "fora do Estado de direito, na promoção de práticas que comprometem o princípio da livre concorrência no mercado para a organização de competições de futebol profissional na União Europeia".