Palmeiras à moda do Minho: um clube que surgiu enquanto se jogava à sueca
A ideia de utilizar os símbolos do clube brasileiro no emblema dos bracarenses foi de um emigrante português, durante um jogo de cartas. Agora, há outro Palmeiras a vibrar com Abel Ferreira
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Quem diria que a cerca de oito quilómetros de Braga, num desvio na Estrada Nacional 205, existe um clube, cujo emblema é inspirado no Palmeiras de São Paulo. Sim, o clube que apostou em Abel Ferreira, venceu a Taça dos Libertadores e este domingo discute as meias-finais do Mundial de Clubes.
"Num jogo de "sueca" lembraram-se formar um clube. E alguém disse que no Brasil há um clube chamado Palmeiras e seria interessante que este fosse mais ou menos parecido"
O Palmeiras FC é a coletividade representativa da freguesia de Palmeira que, num estalar de dedos, projetou-se do outro lado do Atlântico embalada pela conquista do treinador português ao serviço do clube brasileiro. E por uma razão simples que se explica pelas semelhanças nos elementos do símbolo de ambos. O emblema do Palmeiras do Minho nasceu em 1965 a partir de uma sugestão de um emigrante no Brasil enquanto jogava à "sueca" - o contexto em que os fundadores germinaram a criação do clube. A sugestão desse elemento sustentou-se do seu conhecimento do Palmeiras de São Paulo.
A ideia foi autorizada com a assinatura de todos os membros da Direção do clube brasileiro à época, que enviou um galhardete. Por forma a garantir a originalidade da simbologia dos paulistas, os congéneres de Braga inverteram a posição do nome e das estrelas que compõem o logótipo. As camisolas atualmente são idênticas ao do clube brasileiro, mas no início eram aparentadas às do Sporting.
Os fundadores pediram autorização para criarem um emblema com os símbolos do Palmeiras de São Paulo e receberam em troca um galhaderte para servir de inspiração
A festa do Verdão de Abel Ferreira sacudiu a tristeza pela inatividade do futebol no Palmeiras FC. "Foi surpreendente, nem imaginava que isso pudesse acontecer", conta Benjamin Correia, presidente do pequeno clube que, de repente, se tornou grande, dada a avalanche de mensagens e contactos provenientes dos adeptos do Palmeiras de São Paulo.
"Foi bom para nós que tenham vencido a Taça Libertadores. Bom porque é o Abel Ferreira o treinador. Apesar de não ser na nossa terra, mas frequentou-a durante uns anos, pelo Braga com o qual temos uma boa relação", disse, demonstrando a satisfação pela conquista "de um feito que não é para todos". Benjamin Correia vai dar tempo ao treinador português, desejando-lhe que seja bem-sucedido nesta nova etapa, e "quando as coisas acalmarem, poderei conversar com ele para lhe dar os parabéns pessoalmente".
Para já, à Direção do Palmeiras FC chegaram umas palavras de agradecimento do Palmeiras vencedor.
Agora, todos querem um adereço do clube da terra
Para um clube dos distritais da AF Braga, com todas as atividades suspensas por força da pandemia do novo coronavírus, receber pedidos de compra de cachecóis, galhardetes e de camisolas é como ganhar a lotaria sem bilhete. Pedro Ferreira, secretário da Direção, relatou a O JOGO a azáfama, depois de o Palmeiras de Abel Ferreira erguer a Taça dos Libertadores da América, no passado dia 30 de janeiro. "Se antes já nos pediam adereços do nosso clube, agora tem sido um "boom". Temos recebido contactos do Brasil e de outros pontos do mundo", contou. A inesperada perspetiva de negócio "pode ter algum impacto financeiro" na gestão de Benjamim Correia, que há dois anos se esforça para sanear dívidas de 300 mil euros deixadas pelos antecessores.
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