A partir da próxima época e durante os próximos seis anos, a mais antiga competição de futebol do mundo vai perder as tradicionais repetições de jogos que acontecem em caso de empate
Corpo do artigo
Depois de a Associação Inglesa de Futebol (FA) e a Premier League terem anunciado que, a partir da próxima época e durante os próximos seis anos, a Taça de Inglaterra vai deixar de ter as suas tradicionais repetições de jogos em caso de empates, essa novidade tem sido alvo de muitas críticas.
Uma das primeiras reações adversas a esse anúncio chegou da English Football League, que tutela o futebol profissional inglês entre o segundo e quarto escalão e lamentou não ter feito parte desse acordo, dizendo ainda que os clubes das divisões abaixo da Premier League cada vez mais “marginalizados”.
Após essa crítica, Mark Robins, treinador do Coventry, que alinha no Championship e vai defrontar o Manchester United nas meias-finais da presente edição da prova (domingo, às 15h30), depois de ter necessitado de uma repetição para eliminar o também secundário Sheffield Wednesday na quarta ronda, admitiu que a notícia não agradou mesmo nada aos clubes que não militam na elite inglesa.
“É um golpe nos dentes para todos os que estão abaixo desse nível [Premier League]. Não há nada que possamos fazer sobre isso, a não ser dar voz às nossas preocupações. Talvez haja uma reflexão por causa desses clubes, mas é realmente difícil aceitar”, apontou, em conferência de imprensa.
Erik ten Hag, técnico dos red devils, também se mostrou compreensivo em relação à posição dos clubes inferiores da pirâmide do futebol inglês, que vão perder a oportunidade de ganhar uma receita extra com esta mudança, já que o que acontecia habitualmente após empatarem na visita a um “grande” da Premier League era a eliminatória ser decidida no seu próprio reduto.
No entanto, Ten Hag não deixou de salientar que esta medida era “inevitável”, apontando o dedo à FIFA e à UEFA pelo progressivo adensamento do calendário desportivo nos últimos anos.
“É algo muito triste para a cultura futebolística do Reino Unido, mas acho que também era algo inevitável, ninguém pode fazer nada quanto a isso. É por causa da sobrecarga do calendário, que é regido pela FIFA e UEFA. Nós somos uma grande competição e temos um grande impacto, mas existe sobrecarga dos jogadores noutros países e isso tem de parar. Tenho realmente pena pelos clubes ingleses, mas temos de encontrar algum espaço no calendário para os jogadores de topo”, argumentou.
Palavras semelhantes às de Pep Guardiola, que vai orientar o campeão em título Manchester City contra o Chelsea na outra meia-final da competição de futebol mais antiga do mundo, no sábado (17h15).
“Esta competição é para as divisões inferiores terem uma oportunidade de ganharem dinheiro, por isso é um problema e um grande golpe. Para os clubes grandes que jogam competições europeias, é muito melhor. Temos um calendário apertado, com muitos jogos, e encontrar um equilíbrio hoje em dia é muito difícil”, lamentou.