Mourinho e o futuro: "A única coisa que quero é que seja um objetivo justo"

Voltar a treinar: "Sou o único treinador que disputou duas finais europeias nos últimos dois anos. Falo do meu presente. Não sou culpado pelo facto de há 20 anos ter ganho a Liga dos Campeões. Mas se formos a 90% dos treinadores e lhes perguntarmos: "Gostaria de jogar duas finais da europeias em dois anos consecutivos?", a maior parte deles vai dizer "Sim". Não é que eu tenha medo de empregos [em clubes] que não são 'feitos para ganhar'. Quando alguns [treinadores] atingem um certo nível, talvez digam: 'Só vou ter empregos feitos para ganhar'. A minha função é tentar transformar os clubes em clubes 'feitos para ganhar', ou para atingir alguns objetivos. A descrição do meu trabalho de sonho é 'treinador'. É esse o meu sonho. Ser o treinador. Ser a pessoa que trabalha com a equipa, que se concentra na formação dos jogadores, que prepara os jogos. Felizmente, tive isso na minha carreira. Infelizmente, tive outras situações em que tive de ser muito mais do que isso. Quando se é muito mais do que isso, não se é tão bom treinador quanto possível. O clube coloca-nos numa posição em que eu não quero estar. Acham que depois da final da Liga Europa que perdemos, nas circunstâncias em que perdemos, fiquei feliz com toda a emoção que senti? Acham que fiquei feliz por ser o rosto do clube que foi à conferência de imprensa para falar sobre estes acontecimentos? Não, detestei ir. Se as pessoas temem alguma coisa [em relação a Mourinho], não temam. Dêem-me uma estrutura profissional em que eu seja apenas o treinador principal, porque é nisso que eu sou bom. As pessoas dizem que sou bom a comunicar. Muitas e muitas vezes dizemos as coisas erradas. Sobretudo quando se comunica três ou quatro vezes por semana. A estrutura de um clube empurra-me na direção errada. A única coisa que quero é que as metas e os objetivos sejam estabelecidos por todos de forma justa. Não posso ir para um clube onde, devido à minha história, o objetivo é ganhar o título. Não. A única coisa que eu quero é que seja um objetivo justo. Acham que se eu estivesse num grande clube da Premier League e estivéssemos em sexto, sétimo, oitavo lugar na tabela, ainda teria emprego? O que estou a dizer é que as pessoas devem olhar para mim da mesma forma que olham para os outros. O que é importante para mim é que o clube tenha objetivos e que eu possa dizer que estou pronto para lutar por eles. Não quero dizer realista, mas pelo menos semi-realista. Porque quando fui para a Roma ninguém sonhava com uma final europeia e conseguimos. Não é possível que eu vá para um clube quase despromovido e o objetivo seja ganhar a Liga dos Campeões. É bom, mas não é justo."

Desejo de voltar ao ativo: "Não é como eu tivesse 61 anos e quisesse parar aos 65. De jeito nenhum. Ainda há uma longa carreira pela frente."