O antigo avançado do FC Porto diz a O JOGO que Portugal tem qualidade de sobra para ganhar à França e que pode fazer aos franceses aquilo que a Grécia fez aos portugueses na final de Lisboa, em 2004.
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Hoje, em Saint-Denis, não se trata somente da segunda presença de Portugal na final do Europeu. Pela frente terá a França, uma seleção que não vence desde 1975.
Já é quase uma tradição Portugal perder contra a França. Acredita que isso vai pesar na cabeça dos jogadores?
-Eu não acredito em fantasmas, nem em histórias que se contam às crianças. Também se dizia que a Alemanha não ia vencer a Itália e o que aconteceu foi o contrário. Havia uma tradição semelhante. Mas para mim é um jogo de 90 minutos. A equipa que estiver melhor fisicamente, que trabalhar mais, correr mais, estiver mais unida, lutar, quiser ganhar mais e tiver mais sorte é a que vai ganhar. Portugal vai ter de trabalhar no duro. Depois do que se viu a França fazer contra a Alemanha, Portugal vai precisar de tudo o que sabe fazer de bom para ganhar. Mas numa final também estavam à espera de quê? Agora, Portugal tem qualidade de sobra para superar a França.
É preciso evitar um novo trauma como o de 2004...
-Isso não pode acontecer. Em 2004, Portugal era favorito, agora não, é a França, e isso talvez nem seja uma coisa má, talvez até seja melhor. Portugal joga melhor quando não é favorito. Portugal pode fazer à França, aquilo que a Grécia fez a Portugal, em 2004 (risos). Espero que isso aconteça, que façam um grande jogo e ganhem. Já surpreenderam muita gente, porque souberam acreditar sempre que podiam ser campeões. Têm de entrar com a cabeça limpa, dispostos a trabalhar, a dar tudo e a não embarcarem em histórias de fantasmas.
Não há uma certa ironia se pensarmos que, à partida, esta seleção teria talvez menos credibilidade para chegar a uma final do que as de outras gerações?
-Concordo. Mas esta equipa tem mais coração, mais paixão e mais luta e compensa com isso aquilo que lhe pode faltar em termos de qualidade. Outras seleções apresentaram um nível mais elevado e nem precisavam de se entregar tanto, porque a qualidade individual de um deles aparecia e permitia resolver. Eram todos craques, jogadores com um nível enorme. Estes podem ter menos qualidade, mas como equipa são mais unidos e isso é decisivo no futebol moderno.