"Já disse à presidente que pode despedir o advogado, não precisa de me defender mais"
Abel Ferreira, treinador do Palmeiras, reagiu ao insulto de que foi alvo por parte de um diretor do São Paulo após o jogo entre as duas equipas, na semana passada
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Alguns dias depois de ser chamado "português de merda" por Carlos Belmonte, diretor de futebol do São Paulo, Abel Ferreira falou publicamente sobre o caso, dizendo que entende a emoção no futebol, mas que há limites para tudo. Espera, por isso, que haja uma punição para o dirigente do rival do Palmeiras.
"Merece todo o respeito a instituição São Paulo e não vou dizer muito mais do que isso, porque o futebol brasileiro e os clubes brasileiros são muito maiores do que cada um de nós, são muito maiores do que nosso ego. Em 90 minutos eu sou intenso, quero que minha equipa ganhe, mas fora isso eu peço desculpa. O meu coração é igual ao coração de mãe, perdoa tudo e cabe sempre mais um. Mas há limites", começou por dizer na conferência de imprensa que se seguiu à vitória por 1-0 sobre o Botafogo SP, para a última jornada do Campeonato Paulista.
"Os meus defeitos vocês encontram, ou a minha mulher, se falar com a minha mulher é fácil. Mas procuro dar o melhor que sei, o meu coração é grande, cabe sempre mais um e perdoo tudo. O resto deixo para vocês, todas essas falas, comentários, desde que cheguei, elas são publicas, é muito fácil de ver. Quero viver a minha vida com o lado positivo, com intensidade, com as pessoas de quem eu gosto. Mas como não gosto de fugir às questões, acho que não vale combater ódio com ódio. Eu não conheço esse senhor (Carlos Belmonte), nunca falei com ele, se calhar é uma pessoa espetacular. Entendo o calor do jogo, porque quando chutei o microfone ninguém quis saber porquê e não fui o único. Há treinadores que fazem o mesmo, outros que apontam o dedo na cara dos árbitros... Fui punido, castigado e cumpri por isso. Ninguém quis saber que aos 94 minutos, numa final, um canto claro a nosso favor e o árbitro não viu [n.d.r o que o levou a chutar o microfone]. Eu sou um ser humano, tenho emoções e no calor do jogo... Eu entendo essas emoções", referiu.
"Quando infrinjo as regras, o STJD comigo tem sido muito rigoroso. Eu não espero dar mais trabalho, já disse à Leila [presidente do Palmeiras] que pode despedir o advogado, não precisa de me defender mais. Mas espero o mesmo tratamento para mim que seja igual para o outro. Espero que as entidades que me castigaram a mim por determinados comportamentos sejam iguais com outros comportamentos semelhantes ou piores. Não quero nada para mim. Quero as coisas justas. Sou democrático", finalizou o treinador português.
O Verdão apurou-se para os quartos de final do Paulistão.