Infantino sobre Israel: "A FIFA não consegue resolver problemas geopolíticos"

Infantino
Apesar de vários apelos de atletas e federações para que Israel seja excluído de todas as provas internacionais, não há planos na FIFA e na UEFA com vista a esse desfecho
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Gianni Infantino, presidente da FIFA, afirmou esta quinta-feira que o organismo que lidera não tem capacidade para "resolver problemas geopolíticos", numa altura em que vários atletas e federações exigem que Israel seja suspenso, à semelhança da Rússia, de todas as provas internacionais, com base no conflito armado na Faixa de Gaza.
Depois de a ONU ter apelado a que a UEFA e a FIFA excluam Israel na sequência de um relatório de peritos que determina que aquele país está a cometer um "genocídio" em Gaza, o líder da FIFA considerou que a missão do organismo neste momento passa por "usar o poder do futebol para unir pessoas num mundo dividido".
"Os nossos pensamentos estão com aqueles que estão a sofrer nos vários conflitos que existem atualmente à volta do mundo e a mensagem mais importante que o futebol pode transmitir neste momento é sobre paz e união. A FIFA não consegue resolver problemas geopolíticos, mas pode e deve promover o futebol em todo o mundo através dos seus valores unificadores, educativos, culturais e humanitários", afirmou Infantino, num discurso de abertura antes de uma reunião da FIFA em Zurique.
Na quarta-feira, Victor Montaglian, vice-presidente da FIFA, já havia comentado que uma eventual exclusão de Israel, a acontecer, está nas mãos da UEFA: "São um membro deles, são eles que têm de lidar com isso", desviou.
Na sexta-feira, a presidente da federação norueguesa, Lise Klaveness - cuja seleção masculina receberá Israel nos apuramentos para o Mundial, em 11 de outubro - revelou que está a trabalhar "para que Israel seja sancionado". "Pessoalmente, penso que se a Rússia está excluída, Israel também deveria estar", declarou num podcast norueguês, numa altura em que autoridades espanholas admitem boicotar o Mundial caso Israel se apure.
A ofensiva israelita em Gaza já matou mais de 66 100 palestinianos, incluindo 151 crianças vítimas de fome e desnutrição, de acordo com o Ministério da Saúde do governo do Hamas, cujos dados são considerados fiáveis pela ONU.
A ofensiva seguiu-se ao ataque do Hamas em Israel de há dois anos, que causou 1200 mortos e 251 reféns, de acordo com as autoridades.
Israel é acusado de genocídio em Gaza e de usar a fome como arma de guerra, acusações que nega.

