
População haitiana festeja apuramento para o Mundial
EPA
Gangues armados são quem manda na capital e mais de metade da população haitiana está em risco de passar fome. Um ambiente de claro contraste com a seleção, que vive um momento de glória, tendo-se qualificado para o seu segundo Mundial, 52 anos depois do primeiro
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O Haiti qualificou-se na madrugada desta quarta-feira para o Mundial'2026, 52 anos depois da sua estreia no torneio, em 1974, mas a situação dramática em que vive a sua população resulta num dado insólito: o seu selecionador, o francês Sébastien Migne, atingiu este feito... sem nunca ter ido ao país, por falta de segurança.
"É impossível, porque é demasiado perigoso. Eu normalmente vivo nos países onde trabalho, mas aqui não posso. Já não há voos internacionais para lá. Eles [responsáveis da federação de futebol haitiana] dão-me informação e eu treino a equipa remotamente", explicou há dias Migne, que está há 18 meses no cargo, à revista France Football.
É que o Haiti, com cerca de 12 milhões de habitantes, vive uma situação de extrema precariedade que só se agravou com um grande terramoto, em 2010. Gangues armados são quem manda na capital de Porto Príncipe e suas zonas periféricas, estimando-se que metade da população esteja em risco de fome extrema.
De acordo com a agência de notícias Reuters, esta crise no país caribenho, que não realiza eleições desde 2016, já causou mais de 1,3 milhões de deslocados, com muitas pessoas a viverem com familiares, amigos ou em campos de abrigo para escaparem à violência.
A seleção haitiana de futebol também foi logicamente afetada pela realidade drástica do seu país, realizando os seus jogos em casa noutros territórios. O encontro frente à Nicarágua em que os "grenadiers" garantiram o Mundial'2026, por exemplo, foi disputado na ilha de Curaçau, que também se apurou para o torneio.

