Alejandro Burzaco é suspeito de irregularidades na atribuição de direitos televisivos em competições de futebol na América Latina e de ter pago 100 milhões de euros em luvas para obter da Concacaf os direitos exclusivos para três edições da Copa América
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O argentino Alejandro Burzaco, um dos 14 acusados no quadro do escândalo de corrupção na FIFA, declarou-se inocente, depois de confrontado num tribunal federal norte-americano com as acusações de que é alvo.
O tribunal fixou em 20 milhões de dólares (18,2 milhões de euros) a caução para a libertação do argentino, soma que Burzaco aceitou pagar.
Burzaco, um dos três cidadãos argentinos alvo de mandado de captura e extradição por parte da justiça norte-americana no âmbito do caso de corrupção na FIFA, entregou-se voluntariamente às autoridades italianas no início de junho - o argentino tem passaporte italiano -, tendo sido libertado com termo de identidade e residência.
Responsável da sociedade de marketing desportivo "Torneos y Competencias" (TyC), Bulzaco é suspeito de irregularidades na atribuição de direitos televisivos em competições de futebol na América Latina, nomeadamente o campeonato argentino de 1992 a 2009.
O argentino é ainda acusado de, através de uma entidade denominada Datisa, ter pago 110 milhões de dólares (100 milhões de euros) em luvas para obter da Concacaf (Confederação de Futebol da América do Norte, América Central e Caraíbas) os direitos exclusivos para três edições da Copa América (2015, 2019 e 2023), bem como a edição do centenário 2016.
De acordo com a imprensa argentina, Alejandro Burzaco estava na Suíça no dia em que foi desencadeada a operação visando vários dirigentes da FIFA, mas a polícia local não conseguiu localizá-lo e desde então tem sido procurado.
O empresário é o segundo acusado a comparecer perante a justiça norte-americana.
A 18 de julho, Jeffrey Webb, antigo vice-presidente da Federação internacional do futebol e antigo presidente da Concacaf, declarou-se também inocente perante as acusações e pagou uma caução de 10 milhões de dólares (9,1 milhões de euros).
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos indiciou nove dirigentes ou ex-dirigentes e cinco parceiros da FIFA, acusando-os de conspiração e corrupção nos últimos 24 anos, num caso em que estarão em causa subornos no valor de 151 milhões de dólares (quase 140 milhões de euros).
Entre os acusados estão dois vice-presidentes da FIFA, o uruguaio Eugenio Figueredo e Jeffrey Webb, das Ilhas Caimão e que é também presidente da CONCACAF (Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caraíbas), assim como o paraguaio Nicolás Leoz, ex-presidente da Confederação da América do Sul (Conmebol).
Dos restantes dirigentes indiciados fazem parte o brasileiro José María Marín, membro do comité da FIFA para os Jogos Olímpicos Rio2016, o costarriquenho Eduardo Li, Jack Warner, de Trinidad e Tobago, o nicaraguense Júlio Rocha, o venezuelano Rafael Esquivel e Costas Takkas, das Ilhas Caimão.