"É sinal que as bolhas não são assim tão eficientes", avisa virologista Pedro Simas
Pedro Simas explicou a O JOGO porque só agora Cristiano Ronaldo testou positivo, dias depois de Fonte e Anthony Lopes terem deixado a concentração da seleção portuguesa pela mesma razão
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Cristiano Ronaldo testou positivo à covid-19 e vai falhar o encontro de quarta-feira com a Suécia, da Liga das Nações, revelou a Federação Portuguesa de Futebol (FPF). Pedro Simas, virologista do Instituto de Medicina Molecular da Universidade de Lisboa, falou a O JOGO, considerando que o mediatismo do craque português trouxe ainda para a ribalta uma inevitabilidade.
"Tenta-se evitar o contágio, mas era previsível. É impossível ter uma bolha hermética, as pessoas contactam sempre com outras. Estamos numa fase pandémica, de disseminação do vírus, e a probabilidade de contágio existe. Não conheço a realidade e as medidas na Seleção, mas havendo um primeiro caso, era uma indicação de que poderiam surgir mais. É sinal que as bolhas não são assim tão eficientes", disse.
"O vírus é igual em todo o mundo, com uma disseminação difícil de controlar. Só aderindo às regras, usando máscara, guardando distanciamento, fazendo rastreio, cumprindo quarentenas... Ajudam mas só até certo ponto. Sabíamos que ao abrir a sociedade isto iria acontecer. Como com o resto da sociedade, se o objetivo é prevenir, [Cristiano Ronaldo] vai ter de estar em isolamento e cumprir os protocolos", acrescentou o virologista.
Pedro Simas explicou ainda a O JOGO porque só agora Cristiano Ronaldo testou positivo, muitos dias depois de Fonte e Anthony Lopes terem deixado a concentração da seleção portuguesa pela mesma razão. "O vírus demora uns dias a ser detetado nos testes, depende também da carga viral. No início pode ser invisível, por isso se deve esperar e voltar a fazer mais testes. Vai ser frequente e previsível aparecerem casos, se já tinha havido no grupo um ou dois. Aconteceu ao presidente dos Estados Unidos, a Ronaldo... mesmo quando as regras são implementadas."
"A população tem de ter consciência de que é um problema real, e que se tem de evitar que passe para os grupos de risco, que devem ser protegidos. No futebol devem ser reforçados os protocolos. Há setores, como por exemplo o futebol, com protocolos diferentes, que testam já de dois em dois dias... Mas é pandémico, é difícil evitar o contágio na mesma", concluiu.