"É duro, mas Cristiano Ronaldo ganhou o direito de não ser substituído"

Wes Brown, antigo central do Manchester United, reagiu com naturalidade ao facto de Cristiano Ronaldo, apesar dos seus 39 anos, não ter sido substituído uma única vez durante a prestação de Portugal no Euro’2024, completando os cinco jogos da Seleção Nacional até à derrota no desempate por penáltis contra França (após 0-0 ao fim de 120 minutos), nos quartos de final. 

Em declarações ao podcast “Euro Thrash”, o antigo central inglês, que coincidiu com CR7 na sua primeira passagem pelo United, começou por suspeitar que o atual capitão dos red devils, Bruno Fernandes, ficou “zangado” por ser substituído aos 75 minutos do jogo com França, enquanto Ronaldo se manteve em campo, mas defendeu que foi uma decisão correta. 

“[Bruno Fernandes] Terá ficado zangado. Ele saiu aos 75 minutos e estava a tentar ter bola para criar [ocasiões de golo]. Vais ficar frustrado, mas Ronaldo ganhou esse direito. Sei que é duro, mas ele ganhou a 100 por cento esse direito de ficar no campo, porque ainda consegue marcar-te um golo”, apontou, considerando ainda que o selecionador nacional Roberto Martínez não quis lidar com a pressão mediática que acartaria a decisão de substituir Ronaldo no último Europeu da sua carreira. 

“Existe muito respeito naquela equipa por Ronaldo. Houve um livre direto que nem era do seu lado [preferido], mas que ele cobrou de qualquer forma, porque queria marcar. Penso que chegámos a uma fase em que os rapazes pensam: ‘Não pode ser substituído, não há hipótese, este é o seu último Europeu’. E ele ainda é aquele jogador que te consegue arranjar um golo. Penso que não há ninguém naquela equipa que tem marcado a torto e a direito. Sim, ele não estava a jogar particularmente bem, mas penso que o selecionador não quis a responsabilidade e a imprensa que vem com a decisão de o retirar. Isso terá sido um fator determinante, definitivamente”, referiu. 

Wes Brown também comentou o facto de Ronaldo, nos “oitavos”, contra a Eslovénia, ter assumido a primeira cobrança de Portugal no desempate por penáltis, isto após ter visto Jan Oblak defender uma grande penalidade sua no prolongamento, num lance que o deixou inclusive em lágrimas. 

“Ele falhou alguns [penáltis] quando estive com ele no Manchester United em jogos importantes, por isso ele já fez isso e ultrapassou-o. É isso que importa, ele vai sempre assumir mais uma vez, porque como qualquer avançado te dirá, é o seu trabalho. Tu queres sempre bater o penálti, independentemente do que acontecer. Ele terá ficado um bocado desapontado por ter falhado aquele, mas seguiu em frente de qualquer forma, é a sua personalidade. Apesar disso, ele vai querer sempre marcar, mesmo que falhe algumas vezes”, concluiu.