Confederação asiática reelege um xeque que passa entre os pingos dos escândalos
O xeque Salman bin Ibrahim Al Khalifa, do Barém, vai ser reeleito hoje, sem oposição, presidente da Confederação de Futebol da Ásia (AFC) para um novo mandato de quatro anos, no meio de grande controvérsia sobre as suas ligações a escândalos que têm abalado a FIFA.
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Salman Al Khalifa sucedeu em 2013 a Mohamed bin Salman, que teve de se demitir por causa de escândalos. Há muito que Al Khalifa parece ter seguros 40 dos 47 votos da assembleia asiática. O que afastou dois competidores que se tinham apresentado. Saoud Al Mohannadi, do Catar, desistiu e anunciou o seu apoio ao xeque Salman, uma semana depois de Mohammad Khalfan Al Romaithi, ministro dos desportos dos Emirados Árabes Unidos também ter desistido, mantendo-se como candidato a vice-presidente.
O congresso da AFC realiza-se hoje em Kuala Lumpur (Malásia) e terá a presença de Gianni Infantino e Fatima Samoura, presidente da FIFA e secretária-geral da organização. O presidente de cada confederação continental é membro por inerência do Conselho de FIFA, mas há outros seis lugares no Conselho da FIFA (incluindo um para uma mulher) que estarão hoje em jogo.
No fundo da controvérsia está o xeque Ahmed Al-Fahad Al-Sabah, presidente do Comité Olímpico da Ásia e ex-vice da FIFA, cargo de que teve de demitir-se 72 horas depois de ter sido envolvido no caso Lai. Richard Lai, ex-presidente da Federação de Futebol de Guam (país da AFC) e ex-membro do Comité de Auditoria da FIFA, declarou-se culpado nas acusações de conspiração por fraude perante um tribunal de Brooklyn (Nova Iorque) e admitiu ter recebido 850 mil dólares entre 2009 e 2014, da parte de um alto funcionário do Kuwait pertencente ao Comité Olímpico Asiático em troca de ajudar a favorecer os seus interesses no quadro do futebol naquele continente.
Al Sabah negou as acusações mas demitiu-se do Conselho da FIFA. Curiosamente, isso evitou que a FIFA enviasse o caso ao seu Comité de Ética. Ao mesmo tempo, a AFC anunciou uma investigação, mas dois anos depois não há resultados. E, pior, não tem havido resposta aos contactos do FBI e dos tribunais americanos que, desde o princípio, lideraram as investigações aos escândalos no máximo organismo do futebol mundial.
As investigações das autoridades americanas apontam ao xeque Salman Al Khalifa, que será reeleito hoje, como principal beneficiário politico dos subornos de Al Sabah ao presidente da federação de Guam.
Recentemente, a Federação Australiana pediu a inibição do xeque Salman para todos os cargos no futebol. Em causa, o facto de o jogador Al Araibi, nascido no Barém, mas a jogar e gozando do estatuto de refugiado na Austrália, ter sido preso na Tailândia, quando estava em lua-de-mel, por solicitação do Barém sem que o presidente da AFC, também ele desse país, o defendesse. Al Araibi tem dito repetidamente que, se for forçado a voltar ao seu país, pode ser morto.