Ceferin visa a FIFA: "Mundial a cada dois anos foi uma ideia muito absurda"
O presidente da UEFA, Aleksander Ceferin, voltou a criticar as ideias do Mundial bienal e da Superliga e abriu a porta à participação sul-americana na Liga das Nações
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Numa entrevista ao site brasileiro GE, Aleksander Ceferin, presidente da UEFA, abordou entre outros temas, a hipótese de um Mundial bienal, a Superliga, a Liga das Nações, os favoritos para o próximo Mundial e ainda a ajuda humanitária à Ucrânia.
Em relação ao Mundial bienal, ideia apoiada por Gianni Infantino, presidente da FIFA, Ceferin mostrou desagrado com a ideia, ideia em que a UEFA e a CONMEBOL convergiram. Ainda assim faz uma distinção entre essa ideia e a da criação da Superliga.
"O Mundial a cada dois anos foi uma ideia muito absurda. Nós tivemos muitas conversas com a FIFA sobre isso, nós (UEFA) e a CONMEBOL. E estou feliz de ver que a FIFA entendeu que a ideia não faz sentido e agora está fora de questão. Mas, para mim, essas duas situações são completamente diferentes. Uma é a Superliga, com pessoas que simplesmente não se importam com ninguém a não ser com eles próprios e o lucro deles. A outra ideia é simplesmente uma ideia que não é boa."
O dirigente esloveno foi mais longe em relação às críticas à Superliga, acusando os clubes que ainda apoiam a ideia de estarem longe da realidade. "Eu nem gosto de chamar Superliga porque isso pode ser tudo, menos "super". Foi uma decisão tomada por pessoas que pensam que podem comprar o futebol. Que acham que adeptos de futebol são clientes, que pensam que devem apenas jogar entre si e que os clubes médios e pequenos não têm o direito de jogar. A reação da sociedade foi muito forte. Não foi uma reação do futebol, foi uma reação da sociedade. Para mim a ideia está morta, claro, mas existem três clubes que ainda acreditam que a Terra é plana. Deste modo, essa ideia foi claramente para destruir o futebol. Eu nem quero falar mais dessas pessoas, porque elas vieram de novo com isso no meio de uma guerra. Primeiro no meio da pandemia, agora no meio da guerra. Tenho que falar sobre eles outra vez? Sobre a maneira como eles entendem a sociedade? Acho que não."
Relativamente à Liga das Nações, competição que a seleção portuguesa conquistou em 2019, o Ceferin afirmou que a competição poderá contar com seleções da América do Sul no futuro, apesar de não dar garantias. "Não posso dar muitos detalhes agora, mas é viável, com certeza. Depois da criação da Liga das Nações, as nossas seleções não disputam mais tantos jogos amigáveis. As grandes equipas sentem falta de jogar contra Brasil, Argentina e Uruguai. Eles dizem-nos que gostariam de jogar. Isto seria algo muito bom, mas ainda não estamos no ponto de compartilhar isso com o público ainda."
Quando foi perguntado quem são os candidatos à conquista do próximo Mundial do Catar, o dirigente não tem dúvidas, e não descarta uma vitória portuguesa, apesar da seleção nacional ainda não estar apurada. "Eu tenho a certeza que uma seleção da Europa vai ganhar. É muito difícil dizer... Claro que há sempre Brasil e Argentina entre as favoritas. Mas do lado europeu há muitas equipas. Há a França, Inglaterra, Bélgica, Itália, Espanha, Portugal... E o facto é que pelo menos um deles entre Portugal e Itália nem se vai classificar para o Mundial."
Quanto à situação na Ucrânia, Ceferin revelou os esforços que foram feitos pela UEFA para auxiliar quem foi afetado pelo conflito. "A Fundação da UEFA já doou um milhão de euros para as crianças na guerra. É muito cedo para investir no futebol porque a guerra está a decorrer. Eu falo todos os dias com o presidente da federação ucraniana de futebol, e vamos ajudar assim que houver uma maneira de ajudar. Por enquanto, o que importa é tirar os jogadores estrangeiros de lá, permitir que eles possam ir por empréstimo para outros clubes, algo que fizemos em conjunto com a FIFA. Claro que continuamos a acompanhar a situação, que está a mudar a cada hora e não a cada dia."
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