Alexsander Ceferin, presidente da UEFA, concedeu esta quarta-feira uma entrevista ao Globo Esporte, na qual voltou a refutar a proposta da Superliga Europeia e recordou o papel que teve na retirada de jogadores retidos na Ucrânia após a invasão russa.
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Sobre o polémico projeto, que Ceferin classifica como uma "ideia morta", o chefe máximo da UEFA voltou a abominar algo que, apesar do nome, considera ser "tudo menos super".
"Não gosto de chamar Superliga porque é tudo menos super. Foi uma decisão de pessoas que pensam que podem comprar o futebol, que pensam que os adeptos são clientes e que acreditam que clubes médios e pequenos não têm o direito de jogar. A reação da sociedade foi forte. Para mim, a ideia está morta. Mas há três clubes que pensam que a Terra é plana. A ideia deles era claramente destruir o futebol", disse, sem rodeios, Ceferin.
O presidente do organismo que rege o futebol europeu teve um papel ativo na retirada de jogadores estrangeiros do solo ucraniano, após a invasão da Rússia. Antes disso, Ceferin já tinha prometido a Darijo Srna, diretor desportivo do Shakhtar Donetsk, que ajudaria os jogadores retidos do clube a saírem da Ucrânia. ""Ele [Srna] disse-me que a situação era terrível, que havia 47 pessoas, com filhos e esposas, num abrigo", começou por contar o dirigente.
"Liguei para o Júnior Moraes [jogador do Shakhtar] e ele disse-me: 'Foste o único, em 48 horas, que nos atendeu. Ninguém pode fazer nada'. Entrei em contato com vários governos e todos disseram: 'Não podemos assumir a responsabilidade. Eles deviam ficar lá'. Aí, organizei tudo, junto com as Federações da Ucrânia, Moldávia e Roménia. Fiquei ao telefone por 48 horas, como se os meus filhos tivessem saído na noite anterior. Fiquei preocupado que algo desse errado. Tive que prometer que faria todos os possíveis, o que não é fácil quando não tens tudo sob controle", recordou.
Ceferin revelou ainda que "quase todos os estrangeiros já abandonaram a Ucrânia", apesar da situação ainda ser "grave" e lamentou as sanções que o futebol russo teve de enfrentar, fruto do conflito armado. ""Sancionar os clubes e a seleção russa ficar sem competir foi a decisão certa. No entanto, parte-me o coração ver que os atletas têm de pagar uma guerra que não é deles. Nem tudo se resolve com sanções. A Fundação UEFA já atribuiu mais de um milhão de euros aos filhos da guerra", garantiu.
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