Cartão azul a caminho da Premier League? "Não parece ser uma boa ideia..."
A FIFA avisou que a introdução do cartão azul, que retira um jogador de campo durante dez minutos devido a protestos ou conduta antidesportiva, foi um anúncio "prematuro", uma vez que ainda terá de ser discutida antes de ser aprovada
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Depois de a FIFA ter esclarecido que a introdução no futebol do cartão azul - que retira um jogador de campo durante dez minutos devido a protestos ou conduta antidesportiva - foi um anúncio “prematuro”, uma vez que a medida ainda terá de ser discutida e aprovada, essa possibilidade foi encarada por vários nomes da Premier League com apreensão.
“É difícil expressar o que sinto sobre o cartão azul, porque não temos muita informação sobre isso. Não sei, mas acho que vai criar mais debates e será mais complicado para os árbitros, jogadores e adeptos. De momento, não acho uma boa ideia, mas veremos o que acontece depois haver uma oportunidade para vermos como funciona. O meu primeiro sentimento é que é muito complicado, porque há muitos pontos de interrogação”, comentou Mauricio Pochettino, treinador do Chelsea, em conferência de imprensa.
Uma opinião semelhante é a de Jurgen Klopp, que orienta o Liverpool e não vê a novidade com os melhores olhos: “De momento, não me parece uma ideia fantástica. Mas na verdade, não me lembro da última ideia fantástica que chegou destes tipos, se é que já tiveram alguma”, criticou, visando a International Football Association Board (IFAB), órgão que define as regras do futebol.
“Sendo honesto, não sei se estamos prontos. Temos muita coisa a acontecer com as decisões e a tecnologia. Não sei se já estamos prontos para isso. Espero que seja muito bem testado antes que seja introduzido neste nível”, disse por sua vez, Mikel Arteta, timoneiro do Arsenal.
Keith Hackett, antigo árbitro da Liga inglesa e da FIFA, também admite alguma preocupação com a possibilidade de as penalizações resultantes deste cartão favorecerem desperdício de tempo.
“Parece que estamos a mudar as leis para acomodar árbitros fracos e indecisos. Nas leis atuais, os árbitros de elite têm a possibilidade de advertir alguém por dissidência e, em caso de nova dissidência, de emitir um cartão vermelho. Têm também um cartão amarelo para quando impedem um ataque prometedor”, começa por lembrar.
Ainda assim, Hackett é apologista da medida, considerando que vai ajudar a existir menos contestação em torno dos árbitros ingleses.
“Penso que é um ponto interessante, que funciona como um dissuasor. Temos de olhar para o jogo atual e para a desilusão que os adeptos têm com o comportamento dos jogadores em relação ao árbitro. Isso prejudica e mancha a imagem do nosso jogo. Já falámos anteriormente sobre a forma como as coisas que acontecem ao nível de topo se repercutem e tornam o jogo muito mais difícil na formação”, salientou.
“Por isso, para mim, penso que isto é o legislador a dizer: ‘Como podemos evitar que os jogadores contestem as decisões de uma forma tão difícil para o árbitro, quando, até certo ponto, a lei atual não está a ser aplicada?’ E, por isso, o que vão fazer é tornar isto mais eficaz, mandando a pessoa para o castigo durante dez minutos, para que se acalme e para que a equipa sofra um penálti, na esperança de que se comporte melhor no futuro. É uma experiência que tencionam aplicar e aplaudo-os por isso, porque penso que temos de tentar reduzir a quantidade de discórdia que existe no jogo, que está a manchar a imagem”, completou.