Em entrevista ao jornal brasileiro GloboEsporte, Bruno Lage, treinador do Botafogo, falou pela primeira vez sobre as fortes declarações do início do mês em que colocou o lugar à disposição, depois de perder com o Flamengo. O técnico português diz que nunca quis sair do clube e que disse o que disse para desviar as atenções dos jogadores, colocando toda a pressão mediática nele mesmo.
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Disse que colocava o lugar à disposição com a intenção de proteger o plantel: "A conclusão a que chego é que funcionou, porque a pressão veio para cima de mim. Funcionou de tal maneira que se falou mais na situação, ainda bem, do que no VAR do jogo. Estou de alma e coração no Botafogo. Tem que haver uma ansiedade normal, quer da parte dos jogadores, quer da parte do adepto, a algo que ainda falta muito, mas que pode ser conquistado e que foge há 28 anos [título no Brasileirão]. O que fiz de forma muito clara foi dizer 'este vou ser eu sempre, a tomar as melhores decisões para o Botafogo'. Quero pressão máxima. Mas o que eu sinto é que não pode haver uma ansiedade extra só porque se está a fazer uma coisa nova [mexidas na equipa]. Porque a coisa nova também funciona. Por duas vezes saíram pontas de lança nossos do banco e conseguimos reviravoltas no marcador com eles."
Ainda sobre a conferência de imprensa em que colocou o lugar à disposição: "Consciência tranquila, porque senti que naquele momento era aquilo que tinha que fazer. E foi bom, acabou por dar resultado, porque toda a pressão foi em mim. Podíamos ter falado nesse jogo sobre várias coisas, mas não se falou. Não se falou tanto no VAR, não se falou tanto na exibição coletiva da equipa..."
Arrependido daquela declaração? "Nesta vida a gente não tem tempo para arrependimentos. Eu sei o que fiz, sei o sentimento que gerou à minha volta. O que é mais importante é as pessoas entenderem que o treinador está aqui. Coloquei o cargo à disposição, mas nunca quis sair. Quis que as pessoas estivessem à vontade para entender se essa ansiedade extra que se forma em função de alguma mudança para melhoria da equipa está a causar uma ansiedade maior aos jogadores."
Receção dos jogadores à declaração bombástica: "Reação de espanto... Cada pessoa é livre para tomar as interpretações que quer. Às vezes, brinco que, quando estamos a preparar uma estratégia para um jogo, eu não vou saber o que um treinador vai fazer quando há um jogador lesionado ou suspenso. Eu tenho que tentar entrar na cabeça dele e ver como ele vai tentar definir o onze. A única interpretação é essa."
Foco: "Seria uma pena que as coisas tomassem outro rumo. Ainda bem que não tomaram, porque estou aqui de corpo e alma. Não tenho a cabeça em lado nenhum, o meu único pensamento é Botafogo, Botafogo, Botafogo. E fazer crescer a equipa e os jogadores."