Bola de Ouro de 1986 na guerra da Ucrânia: "Para os nossos soldados é uma alegria"
Igor Belanov defende o país no conflito com a Rússia e conta que leva consigo o troféu individual que conquistou na carreira de futebolista.
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Igor Belanov, vencedor da Bola de Ouro em 1986, quando representava o Dínamo Kiev, alistou-se no exército ucraniano e está a defender o país na guerra contra a Rússia. Natural de Odessa, jogou no Chornomorets, Dínamo Kiev, Borussia Monchengladbach, Eintracht Braunschweig e Mariupol. Em 1986, além da Bola de Ouro, venceu a Taça das Taças, competição em que foi o melhor marcador. Venceu também dois campeonatos da União Soviética, duas Taças e duas Supertaças da URSS.
"Não há conflito! Não use essa palavra! É uma guerra! É um ato de agressão injusto contra o meu país. Todos os dias a Rússia lança dezenas de mísseis no território da Ucrânia. Solta bombas de aviões militares, de navios, de submarinos. Os seus drones matam adultos e crianças civis, e soldados nas linhas de frente também são mortos. Isso não é um conflito! É uma guerra! E só porque algum infeliz czar sangrento do Kremlin quer entrar para a história. Falhou ao máximo. Todos se lembrarão de Putin como um assassino, agressor, tirano, saqueador e violador", afirmou o antigo craque numa entrevista ao jornal As.
O início da guerra, conforme salienta, está bem presente na memória. "Lembro-me perfeitamente. Era 24 de fevereiro de 2022. Às 04h00 da manhã todo o país acordou com as explosões dos mísseis e os bombardeamentos. A Rússia iniciou uma guerra contra a Ucrânia", disse, num triste recuo ao passado.
Sendo uma estrela, Belanov salienta, todavia, que na guerra esse estatuto fica de parte. "Os soldados não dizem absolutamente nada. Nas fileiras do nosso regimento, Igor Belanov é mais um, um deles, cidadão ucraniano, pai, marido, defensor, patriota. Eu sou como eles. Existem muitos ucranianos famosos que defendem a sua pátria desde os primeiros dias da guerra, não apenas eu. Não somos melhores nem piores do que o resto dos soldados. Fazemos o possível para defender as nossas casas. É a nossa obrigação", comentou.
Ainda assim, revela que tem a Bola de Ouro como companhia na guerra e mostra-a aos soldados. "Sim, levo a minha Bola de Ouro para nossos soldados. Para eles é uma alegria, são emoções muito positivas. Para as pessoas na Europa é difícil de compreender, mas são momentos de que todos os militares, os médicos, os voluntários precisam... Querem sentir o sabor da vida normal", vincou. "A possibilidade de tocar na Bola de Ouro, troféu tão lendário, é muito emocionante e comovente, porque este troféu não está escondido num museu, está ali perto, à frente. São emoções incríveis! Os olhos dos militares ficam brilhantes e felizes! Sempre digo a todos que a Bola de Ouro é um troféu para toda uma equipa, para todos os adeptos, não é o meu troféu pessoal. É uma Bola de Ouro nacional, que é do nosso povo. Nunca o escondi nem o esconderei. Estou aberto ao público. E estou feliz e orgulhoso de trazê-lo para perto de nossos heróis", rematou.
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