"Blitz" matou milhares, arrasou estádios mas deixou anedotas e adiou rivalidades
#desportoemtempodeguerra >> Bombardeamento continuado da Inglaterra por parte da aviação nazi, em 1940 e 41, deixou dezenas de milhares de mortos, estádios de futebol semidestruídos mas também histórias que vale a pena serem contadas
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O próximo dia 10 de julho (além do quarto aniversário sobre a conquista do Euro"2016 por Portugal) marca o 70.º aniversário do primeiro bombardeamento nazi sobre território britânico, que a partir de setembro desse ano e nos oito meses seguintes se tornaria sistemático e brutal - o terrível "Blitz", bombardeamentos aéreos em série, fez entre 40 mil a 43 mil vítimas civis em Inglaterra, muitos mais feridos e destruiu dois milhões de casas. Apesar do reduzido efeito que teria em termos práticos - o objetivo de Hitler era essencialmente desmoralizar o exército britânico -, deixou um rasto de destruição enorme e alguns dos principais estádios de futebol não escaparam às bombas da "Luftwaffe", a força aérea alemã. Situados junto de alguns dos principais alvos dos aviões de Hitler - centro de cidades ou zonas industriais -, alguns dos principais recintos ingleses foram também danificados.
O futebol nunca parou por completo em Inglaterra, apesar da guerra, e após uma suspensão inicial do campeonato, logo em 1939, a federação promoveu sete ligas regionais que ajudaram a evitar deslocações massivas (limites de oito mil espectadores por jogo e 75 quilómetros de distância nas viagens) de modo a deixar os comboios disponíveis para o esforço de guerra.
Treinador do Chelsea desmonta bomba
Um dos primeiros raides aéreos nazis de 1940 deixou uma bomba por explodir nas bancadas de Stamford Bridge, casa do Chelsea. Foi chamada a brigada de minas e armadilhas, que respondeu ter centenas de outras ocorrências e algumas bastante mais urgentes. Resultado: Billy Birrell, então treinador principal, pôs mãos à obra e desmontou ele próprio o engenho, como se pode ler no riquíssimo arquivo de textos do site do "Imperial War Museum" britânico.
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Adeptos prontos a... linchar Hitler
O monumental Wembley também foi parcialmente destruído, tal como aconteceu com os estádios de Sunderland, Hartlepool, Sheffield United, Southampton, Bristol City, Leicester, Plymouth Argyle, entre outros. Conta-se que um adepto do Plymouth terá dito que "há adeptos muito zangados e prontos para linchar Adolf Hitler, se o conseguissem apanhar, por ter mandado bombardear os estádios de futebol..."
O árbitro atirador de antiaérea
Naquela altura, com a maioria dos jovens chamados a defender a pátria, tornava-se complicado formar equipas de 11 jogadores e por vezes arranjar árbitros para os jogos. Um deles, desconhecido, como tantas outras personagens das melhores anedotas, é o protagonista desta que também é contada no site do IWM: durante um jogo, o aparecimento de um bombardeiro alemão levou à sua imediata suspensão e a que todos corressem para os abrigos. Todos, não! O árbitro, que integrava a artilharia antiaérea, correu para o seu posto que se localizava relativamente perto e começou a disparar contra o avião! Rivais emprestam a casa
Em 1941, foi a vez de a bancada principal de Old Trafford, casa do Manchester United, ir abaixo. A ajuda veio precisamente do rival da cidade, o City, em cujo recinto os "red devils" jogaram como anfitriões até 1949. E o mesmo sucedeu com os dois rivais do norte de Londres, depois de Highbury Park, antiga casa do Arsenal, também ter ficado seriamente danificada: White Hart Lane, estádio do Tottenham, passou a servir de casa emprestada aos "gunners", ainda que a bancada Este também servisse para acomodar... cadáveres das vítimas do "Blitz".
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Nota: texto corrigido às 17h32 de 8/4.