"Arábia Saudita? Se pensam que basta contratar jogadores de qualidade para terem uma liga forte, estão enganados"
Vítor Pereira, treinador português que deixou o Flamengo em abril, não se surpreende com a aposta que a Arábia Saudita está a fazer no futebol, com muitos milhões investidos, mas avisa que é preciso ir além disso.
Corpo do artigo
A Arábia Saudita está a apostar na valorização do futebol naquele país e tem contratado jogadores e treinadores mundialmente conhecidos e com cartas dadas, mas isso não será suficiente para que a Liga seja forte, defende Vítor Pereira, treinadro que passou por aquele campeonato em 2013/14, ao serviço do Al Ahli.
"Se pensam que basta contratar jogadores e treinadores de qualidade para terem uma liga forte a longo prazo, estão enganados. Para mim, foi isso que falhou na China. O objetivo era a seleção e pensaram que criariam uma seleção forte naturalizando jogadores estrangeiros já veteranos, mas, como os resultados não apareceram, fecharam a torneira e deixaram de investir", explicou, em entrevista ao jornal espanhol Marca.
Cristiano Ronaldo foi um dos primeiros jogadores a rumar à Arábia Saudita e ajudou e fazer crescer a popularidade daquele futebol, levando outros jogadores para lá. Vítor Pereira não ficou surpreendido. "Penso que para o Cristiano foi uma forma de se reivindicar, de continuar a sentir-se importante. Os jogadores que fizeram uma carreira de topo, independentemente da idade, precisam de continuar a receber atenção. Ele foi muito rápido, antecipou o futuro. Entendeu que na Arábia continuaria a ser importante e recuperou a alegria de jogar, inclusivamente na Seleção. Há muito tempo que não via o Cristiano tão feliz. Às vezes precisas de um espaço onde te sintas querido e importante, foi isso que a Arábia lhe deu. Além do dinheiro, como é óbvio", apontou.
O treinador, de 55 anos, abordou ainda a passagem pelo Médio Oriente. "Deixei o FC Porto por decisão minha. Decidi não renovar, porque estava há oito anos no clube, cinco na formação e três na equipa principal. A minha intenção na altura era ir para Inglaterra treinar o Everton, mas não aconteceu e fui para a a Arábia Saudita, porque queria garantir economicamente o futuro da minha família", justificou.