Ferguson recorda os dias sem voz e sem memória: "Estava vivo, mas senti-me sozinho…"
Ex-treinador do Man. United esteve mais de uma semana sem falar ou recordar, após uma cirurgia a uma hemorragia cerebral. Três anos depois, reavivou a maior vitória pessoal
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A 5 de maio de 2018, Alex Ferguson, então com 76 anos de idade, entrava no bloco operatório do hospital Salford Royal, em Manchester, para ser submetido a uma delicada operação, feita de urgência, a uma hemorragia cerebral.
A consternação pelo estado de saúde do mítico treinador escocês grassou, sem surpresa à escala mundial. Os médicos deram-lhe 20% de hipóteses de vencer a maior batalha da vida pessoal. Fê-lo, mas perdeu a voz e a memória temporariamente.
Volvidos mais de três anos desde a cirurgia, Ferguson concedeu, esta terça-feira, uma longa entrevista ao The Guardian, e nela recordou as sensações tidas ao inteirar-se das - inimagináveis - sequelas após ter estado (bem) perto das portas da morte.
"Foi uma grande preocupação. Foi a parte mais assustadora. Sabia que estava vivo, mas senti-me sozinho. (...) A operação foi um sucesso, mas estás no meio daquela solidão. Pode ser assustador. Quando perdi a minha voz, pensei 'Eles nunca me disseram que isto poderia acontecer'", afirmou o ex-técnico.
Alex Ferguson, que vai festejar o 80.º aniversário no próximo mês de dezembro, detalhou ainda ao diário britânico a forma como procedeu, durante mais de dez dias, à recuperação da própria voz e, sobretudo, da memória.
"A terapeuta de fala veio todos os dias [a casa] e era fenomenal. Fez-me escrever todos os nomes da minha família e dos meus ex-jogadores. Depois, foram animais, peixes e pássaros para ver se me lembrava dos nomes. Gradualmente, recuperei a voz, mas o mais importante era a memória", completou o antigo técnico do Manchester United.