Afinal, qual o efeito do coronavírus no mercado de transferências da China?
Na última janela de transferências, apenas sete futebolistas deixaram o país onde começou a pandemia que virou o mundo do avesso nestes meses.
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A pandemia de covid-19, com os efeitos devastadores que se conhecem, valeu críticas à atuação da China, sobretudo quanto à demora deste país em comunicar a real gravidade da epidemia e até à eventual existência de uma estratégia para esconder a verdade.
Mas quando fechou o último mercado de transferências, a 31 de janeiro, o problema já tinha ganho alguma dimensão, o que nem assim motivou o êxodo de jogadores estrangeiros que atuam nas duas ligas profissionais chinesas. De facto, como O JOGO constatou, foram apenas sete as saídas no primeiro mês do ano e o fator desportivo foi claramente o mais importante, como iremos demonstrar.
A 31 de janeiro houve quatro mudanças, mas Ighalo (United) e Carrasco (At. Madrid) tiveram fortes motivações desportivas para sair. Pedro Delgado (Aves) e Vaz Té (Portimonense) voltaram a Portugal
Convém fazer aqui uma linha temporal de acontecimentos e dizer que foi a 23 de janeiro que as autoridades chinesas colocaram os 11 milhões de habitantes da cidade de Wuhan em quarentena, abrangendo a medida toda esta província dias depois. Seria, contudo, só no dia 30 que a OMS declararia o novo coronavírus como "uma emergência de saúde pública internacional".
Em termos de saídas, logo no primeiro dia do ano, Mascherano e Yaya Touré, ambos em final de contrato, deixaram a China, mas só o primeiro já tem clube, regressando à Argentina e ao Estudiantes. Quando as notícias do que se estava a passar em Wuhan começaram a encher os noticiários e jornais, é verdade que não havia muitos dias para criar alarmismo nos atletas antes do fecho do mercado invernal. Ainda assim, seria, no mínimo, exagerado e especulativo dizer que foi o medo do coronavírus a motivar as restantes cinco transferências. Dia 27 de janeiro, Ricardo Vaz Té, depois de cumprir três temporadas na China e 16 no estrangeiro, ingressou no Portimonense a custo zero, confessando a necessidade de voltar a Portugal.
O último dia do mercado europeu contou com mais quatro mudanças, todas por empréstimos. Pedro Delgado, sem muitos minutos no Shandong Luneng, foi para o Aves; já o chinês Peyzullah partiu em busca de uma oportunidade no Granada B (Espanha). Depois, houve dois jogadores que tiveram oportunidades irrecusáveis: o avançado Ighalo para jogar no Manchester United (Inglaterra) e o extremo Ferreira-Carrasco para regressar ao Atlético de Madrid (Espanha), naquela altura julgando certamente que isso seria fundamental para garantir um lugar na seleção belga que iria jogar o Europeu.
Fernando sai e... volta
Há ainda um outro caso diferente, o do médio brasileiro Fernando. Cedido pelo Spartak Moscovo, jogou na temporada passada no Beijing Guoan, regressando momentaneamente à equipa moscovita após o termo do empréstimo no final de 2019. Mas a 28 de fevereiro foi contratado em definitivo pela equipa chinesa, que pagou 9,6 milhões de euros pela transferência.