Adjunto de Nuno recorda o início no FC Porto: "Muitos tinham sido os melhores do mundo..."
António Dias, licenciado em educação física, integra o staff do treinador do Wolverhampton há vários anos e, numa entrevista ao clube inglês, destacou o impacto da primeira experiência
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António Dias, fisiologista do Wolverhampton, equipa treinada por Nuno Espírito Santo, iniciou-se, bem jovem, no departamento do futebol profissional do FC Porto. Em entrevista aos meios de comunicação do clube da Premier League, recuou no tempo para recordar a inolvidável primeira etapa da carreira.
"Foi absolutamente incrível. Foi um misto de sonho e responsabilidade, uma oportunidade que tinha que agarrar de uma maneira ou de outra. Comecei com 21 anos a trabalhar na equipa profissional do FC Porto, logo a seguir ao clube ter ganho a Liga dos Campeões (2004)", regozijou-se António Dias.
Então estudante em Itália, ao abrigo do programa europeu de Intercâmbio de alunos (Erasmus), António Dias teve uma via aberta para ingressar no Dragão graças a um professor conhecido do treinador italiano Del Neri, substituto de José Mourinho.
"Recordo-me bem do meu primeiro dia. Não sabia bem onde é que havia de ir ou o que havia de fazer", assume o fisiologista português, atualmente com 38 anos de idade e a cumprir a quarta época consecutiva em Inglaterra.
Chegou ao clube da Invicta para desempenhar, inicialmente, a função de tradutor do técnico transalpino, atualmente já retirado, mas a importância dada pela classe italiana à preparação física dos futebolistas serviu de rampa de lançamento.
"Tinham a perspetiva do trabalho físico mais abrangente e diversificada a nível de tarefas e de funções. Ou seja, contemplavam já, nas equipas de trabalho, mais do que um preparador físico, pelo que, para o Del Neri era uma coisa que se enquadrava e acabei por ficar ali com algumas tarefas de suporte à preparação física", detalha António Dias.
Feita a "entrada excecional" no seio da equipa portista, no qual trabalhou até à temporada 2013/14, antes de acompanhar Nuno Espírito Santo para o Valência, o fisiologista admitiu a magnitude do projeto e, em função disso, a evolução causada.
"Foi um desafio grande conseguir enquadrar-me porque foi a minha primeira experiência profissional. Naquele ano, muitos deles tinham sido, provavelmente, os melhores do mundo. (...) Levou-me (...) a vestir o fato de professor muito cedo e de treinador", referiu António Dias.
Na entrevista aos meios de comunicação do Wolverhampton, o fisiologista português, natural de Braga, reconheceu que sentiu necessidade de "manter algum distanciamento pessoal" para desempenhar o trabalho de forma equidistante.
"Muitas vezes convidavam-me para ir jantar ou passear com eles [jogadores do FC Porto], mas foi uma coisa que, desde muito cedo, percebi que não podia entrar por esse caminho porque poderia ser mais difícil mas para mim manter as relações profissionais", explanou António Dias.
Um dos atuais braços-direitos de Nuno Espírito Santo na preparação da equipa do Wolverhampton assumiu, por fim, que a estratégia pessoal adotada, em 2004, foi a base para grassar ao mais alto nível na modalidade.
"Foi algo que foi quase uma regra minha, por assim dizer, para conseguir agarrar a oportunidade que tive e conseguir incubar no futebol profissional", acrescentou António Dias, "muito apaixonado desde novo pelo desporto".
Licenciado em educação física, António Dias desempenha funções de fisiologista no quarto clube da carreira, acompanhando, na maior parte do tempo, o compatriota Nuno Espírito Santo - que chegou a preparar fisicamente enquanto o ex-guardião jogava - no FC Porto, Rio Ave, Valência e Wolverhampton.