Abel Braga evitou a descida do Internacional: "Pedi alguns minutos e, depois, tive um grande impulso"

Num momento em que poucos acreditavam, Abel Braga voltou a mostrar o porquê de ser um nome tão marcante no futebol - além do (excelente) trabalho dentro das quatro linhas, o treinador voltou a provar que a esperança é mesmo a última a morrer.

A dois jogos do final do Brasileirão e numa altura em que a descida parecia o destino mais provável para o Internacional, o treinador foi chamado e não conseguiu recusar a missão de tentar salvar um dos clubes que lhe marcou a vida. "Não foi nada pensado. Tudo foi muito rápido, muito de repente. Estava em casa a ver a final da Libertadores com a família e alguns amigos, quando recebi uma mensagem a perguntar se podia ir ajudar. Perguntei como. "Como treinador", disseram-me. E eu "mas espera, vocês ainda têm treinador". "Mas ele não vai ficar", responderam. Pedi alguns minutos e, depois, tive um grande impulso. Foram sete as passagens que tive no clube. Já tinha, em 2016, tido um momento parecido, em que fui chamado, mas acabei por não ir e a equipa foi despromovida. Depois de tudo que se passou, pensei nessa altura: "se tivesse ido, podia ter tido um final diferente". Duas vezes podia ser pesado para mim. Então aceitei, fui e as coisas correram bem", recordou a O JOGO.

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Sob pressão, com críticas à espreita e expectativas no limite, conseguiu transformar um cenário desfavorável numa conquista inesperada, um resultado que muitos já tinham dado por perdido. Com experiência, serenidade e autoridade de balneário, reorganizou a equipa, devolveu confiança aos jogadores e trouxe de volta a ideia simples, mas decisiva, de que nada está resolvido antes do apito final. O "milagre" aconteceu, não por sorte, mas por convicção, liderança e competência. No final, viu-se uma equipa unida, um estádio rendido e um treinador que, depois de vencer um teste de vida e outro no futebol, voltou a provar que conhece os caminhos improváveis do jogo.

Abel Braga lembrou mais uma vez que, quando há trabalho, coragem e crença, o impossível pode mesmo tornar-se realidade: "Fui muito bem recebido, foi um final de ano em que aprendi que isto não pode acontecer outra vez num clube como o Internacional. Em Portugal, há vários clubes "grandes", embora sejam em menor quantidade do que no Brasil. Mas não se imagina um Benfica, Sporting, FC Porto ou Braga a disputar a permanência, por exemplo. É totalmente fora de contexto. Aceitei o que o clube propôs e está a pensar fazer. Vou mais uma vez ajudar. Como treinador ficou uma marca muito boa".

Abel não comandava uma equipa profissional desde 2022, ano em que deixou o Fluminense, e a sua última passagem pelo Internacional havia sido em 2020. É considerado um dos nomes mais importantes da história do Colorado, tendo levado o clube aos títulos de campeão mundial e da Libertadores, em 2006. Foi apresentado como técnico pela oitava vez no Inter em novembro e, desde 1988, as passagens pelo clube também renderam os Gauchões de 2008 e 2014 e a Taça Dubai de 2008.

Ficou como diretor técnico

Terminada a campanha de treinador, Abel Braga aceitou continuar outro desafio no Inter mas, agora, como diretor técnico. Aos 73 anos, assinou um contrato até dezembro do próximo ano e vê-se a voltar ao ativo depois de um susto de saúde: duas semanas antes de receber o convite para treinar o Inter nos últimos dois desafios do campeonato, o treinador tinha sido submetido a uma cirurgia ao coração. "Vou exercer uma função que gostaria que existisse quando eu era treinador, o que segura as "broncas". Muitos problemas pequenos que chegam ao treinador precisam de estar resolvidos antes. Este convite foi bem pensado e venho para trabalhar e dar o meu melhor", disse na apresentação.