A tragédia, a coreografia com os adeptos e a informação do Governo... pelo youtube
ENTREVISTA, PARTE II - Ídolo do Persebaya, Zé Valente fala de um campeonato totalmente desorganizado, onde até a polícia tem receio do grande dérbi local.
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-O futebol regressou depois de dois meses de reflexão e reorganização interna, após a tragédia no estádio onde morreram mais de uma centena de pessoas. O Zé já jogava aí, pergunto-lhe como enfrentou tamanha catástrofe?
-A tragédia foi um choque enorme para mim, primeiro pelas imagens que nos chegaram e que não chegaram a Portugal. Foi demasiado triste e lamentável tudo o que se passou, precisamente porque o país e o futebol precisam de evoluir. Tal como a educação das pessoas. A culpa é de todos, desde a federação, polícia e até os adeptos! Depois, como é óbvio, mexe com os jogadores, já que ficamos sem saber nada sobre o nosso futuro, o campeonato poderia nem retomar, estivemos dois meses parados apenas a treinar porque, supostamente, só iria retomar quando houvesse melhorias no futebol e nas condições. Mas, na verdade, em dois meses não mudou nada, é muita incompetência e ninguém faz ideia da desorganização que foi. Apenas fomos informados que o campeonato retomaria dois dias de assim o acontecer. Estive no primeiro jogo que se realizou depois da tragédia. Depois do aquecimento ainda estivemos 30 minutos no balneário a aguardar se haveria autorização do governo para começar o jogo. A decisão ia ser tomada através de um direto que ia ser transmitido pelo governo. Os jogadores estavam equipados no balneário a seguirem esse direto via youtube. É imaginar esse cenário! Depois de 30 minutos de expectativa e já a precisarmos de outro aquecimento, seguimos para o campo para jogar. Foi agora eleito um novo presidente para a Federação que já passou por clubes na Europa e tenho a certeza, desejo sinceramente, que possa melhorar o futebol a nível de organização para que situações destas não voltem a acontecer.
-Estava agendado o jogo com o Arema, que seria o primeiro entre as equipas após a tragédia. Agora sabemos que está adiado, a falta de segurança continua a ensombrar este clássico indonésio?
-Para terem um ideia, este jogo contra o Arema iria ser feito agora mas foi adiado por questões de segurança, querem que o jogo seja realizado noutra ilha, parece de loucos. A própria polícia tem medo, é algo incompreensível como a polícia continua sem estar preparada para lidar com isto. É realmente um jogo que significa muito para o Persebaya, não se fala de outra coisa quando o jogo é contra o Arema.
-Foi viral o seu vídeo recente a ensaiar uma coreografia com os adeptos após uma vitória sobre a sua antiga equipa. O que podemos saber dessa ligação?
-Simplesmente era chamado pelos adeptos quando os jogos terminavam para fazer coreografias com eles. Tudo começou no meu primeiro jogo pelo Sleman, tive a felicidade de marcar o golo da vitória e apurar a equipa para os quartos de final da taça e no final desse jogo chamaram-me para fazer a coreografia. Eu nem sabia ainda muito bem como se fazia mas lá aprendi e, como é óbvio, não rejeitei, foi algo único e super natural. Fiquei muito surpreendido quando o fizeram, especialmente comigo porque tinha acabado de chegar ao clube e não tinha mostrado rigorosamente nada a não ser esse golo. A partir daí trataram-me como me trataram, não é algo normal, mas, por algum motivo, desde o primeiro jogo que fiz, recebi um carinho enorme dos adeptos. Participar nas coreografias deixou-me emocionado. Num jogo em casa fizeram uma lona gigante como se eu fosse um espartano. É uma energia muito forte.
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