Um conto de fadas que se tornou um filme de terror.
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Fundada em 1973, a Associação Chapecoense de Futebol vivia em 2016 o ano mais importante da sua curta e belíssima história. Campeã estadual pela quinta vez no primeiro semestre, o modesto clube catarinense tinha nesta quarta-feira (30) a estreia numa final de competição internacional. Uma (merecida) final que infelizmente o destino quis que não fosse disputada.
Na Colômbia, frente ao badalado Atlético Nacional, atual campeão da Taça Libertadores, o Chapecoense, que nas fases anteriores brilhou ao eliminar Independiente, Junior Barranquilla e, principalmente, San Lorenzo, não teria apenas os cerca de 200 mil moradores da aprazível Chapecó ao lado. Boa parte do Brasil estava pronta para ser "Chape" na decisão da Taça Sul-Americana. Hoje, depois do trágico acidente que vitimou mais de 70 pessoas, todo o Brasil é "Chape".
Comandada por Caio Júnior, antigo avançado de Vitória de Guimarães e Belenenses, a equipa alviverde estava, na verdade, a encantar o país há anos. Dentro e fora do campo. Modelo de organização e administração, o clube cujo símbolo é o "Índio" teve uma ascensão meteórica em apenas cinco anos. Com forte investimento de empresários locais, se preparou e saltou da Quarta Divisão do Campeonato Brasileiro em 2009 à Primeira Divisão em 2014 - atualmente está na nona colocação.
Sem deixar o sucesso repentino subir à cabeça, o emblema de Santa Catarina fincou raízes entre os grandes. Graças também ao clima criado pelos adeptos na Arena Condá, uma espécie de "La Bombonera" brasileira. O estádio com capacidade para 22 mil espetadores sempre foi tratado (com razão) como o "décimo segundo jogador". Perder em casa era uma coisa rara.
Os (bons) ordenados em dia e a estrutura invejável foram os principais atrativos para atrair jogadores de qualidade nas últimas temporadas, entre eles o médio defensivo Cléber Santana, antigo internacional brasileiro com passagens por Santos, São Paulo e Atlético de Madrid, e para segurar outros, como o guarda-redes Danilo, que recentemente esteve na mira do Corinthians. Aditivos essenciais também para o surgimento de talentos, a exemplo do médio ofensivo Hyoran, já negociado com o Palmeiras.
Do sonho à realidade. Da realidade ao pesadelo. O que será do Chapecoense agora? Se depender das milhões de manifestações de apoio, carinho e solidariedade de todos os cantos do mundo, se reerguerá e será ainda mais forte. Porque somos todos "Chape" agora!