Ricardo Sousa formou-se no FC Porto, foi vice-campeão nacional e ganhou a Supertaça no clube que na terça-feira, para a Taça de Portugal, defronta pela primeira vez como treinador. O treinador, de 43 anos, diz que o jogo em Mafra será "especial" por defrontar o clube onde se formou, por ser contra o campeão e frente a um grupo que tem feito "um trajeto extraordinário" na Champions.
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Ricardo Sousa é treinador desde 2015. Antes de orientar o Mafra, trabalhou na Sanjoanense, Lusitano de Vila Real de Santo António, Anadia, Felgueiras e Beira-Mar, onde como jogador conquistou a Taça de Portugal, em 1999. O antigo médio, que foi vice-campeão nacional e ganhou a Supertaça pelo FC Porto, vai defrontar os dragões, amanhã, para a Taça de Portugal, pela primeira vez como treinador.
Este será um jogo de fortes emoções?
-É sempre especial jogar contra o clube que nos formou e que me fez quem sou hoje. É especial por ser a primeira vez, mas não é por isso que vou afastar-me das minhas convicções. A minha convicção é ganhar, seja contra quem for. Para mim é, pura e simplesmente, só mais um jogo.
O coração já está a bater só de pensar que vai defrontar o campeão nacional?
-É também especial por defrontarmos o campeão nacional, uma das melhores equipas do campeonato, que tem feito um trajeto extraordinário na Liga dos Campeões. Este é um FC Porto revigorado há já algum tempo pelas mãos do Sérgio. Em seis épocas trouxe de volta o verdadeiro FC Porto, o que nos vai criar dificuldades. Vamos defrontar uma equipa aguerrida, intensa, agressiva, mas só quero que os meus jogadores desfrutem do jogo e da experiência. Com a qualidade que têm, vão fazer coisas bonitas se desfrutarem do jogo e esquecerem o ambiente que os rodeia.
Como analisa as equipas de Sérgio Conceição? É ele o principal responsável pelos êxitos desde 2017?
-Sem margem para dúvidas. Quando o Sérgio chegou, o FC Porto apresentava muitas debilidades estruturais, financeiras e, com pouco, conseguiu fazer muito. Era quase impossível fazer o que ele fez. O Sérgio Conceição transformou o clube no velho FC Porto. Entre as principais referências, destaco o facto de ser uma equipa agressiva, intensa, em que todos os jogadores reagem à perda como em nenhuma equipa do mundo. E, estrategicamente, tem crescido enquanto treinador porque altera os sistemas de jogo para jogo, muda-os dentro do próprio jogo sem fazer alterações e isso demonstra uma cultura tática acima da média. Além do aspeto anímico e emocional, também transformou o FC Porto a nível estrutural.
O clube está no bom caminho?
-Apesar de as coisas estarem mais complicadas do que na época passada, tem na estrutura as pessoas certas para continuar a dar ao FC Porto o que mais deseja: ganhar títulos.
Pinto da Costa foi inteligente
Embora já tenha saído do FC Porto há 22 anos, Ricardo conhece bem o clube e, em especial, Pinto da Costa. "Este FC Porto tem voltado um pouco ao passado, porque houve um período em que se afastou do que era. As caras fortes foram sempre o presidente e o grande Reinaldo Teles. Quando entrou a SAD, desviou-se um bocadinho do que era. Quando as coisas se complicaram, a nível financeiro e de títulos, o presidente foi extremamente inteligente e fez regressar pessoas como Luís Gonçalves, Fernando Gomes e Vítor Baía, e aproximou jogadores históricos do clube, que estão lá a trabalhar. Isso é que faz com que o FC Porto evolua, porque são pessoas que sabem o que é o futebol e vivem o futebol."
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Quatro equipas da I Liga eliminadas já não é só "sorte"
Em 2021/22, o Mafra afastou Portimonense e Moreirense, caindo nas meias-finais frente ao Tondela, também da I Liga. E esta época já riscou o Marítimo da Taça. Ricardo Sousa recorda que, pelo Beira-Mar, então no Campeonato de Portugal, também surpreendeu o Marítimo. "Já são muitas vezes para ser considerada sorte, é que a sorte dá muito trabalho. Esperemos que o fruto do nosso trabalho dê resultado no final dos 90 ou dos 120 minutos deste jogo com o FC Porto", remata.