Emanuel Simões, herói da permanência: "O Fafe pode estar na II Liga"

Emanuel Simões, herói da permanência: "O Fafe pode estar na II Liga"

Em março, Emanuel Simões assumiu o comando técnico do Fafe e garantiu a permanência com o primeiro lugar do grupo.

No início da época, Emanuel Simões esteve perto de assinar pela Sanjoanense, mas algumas complicações levaram-se até ao Açores, onde esteve como administrador da SAD do Santa Clara e, posteriormente, no cargo de diretor desportivo. Recentemente, mudou-se para Fafe e foi o herói da permanência.

O percurso do Fafe superou as expectativas?

- Contra todas as expectativas, conseguimos não só a permanência mas também o primeiro lugar do grupo. Começamos em último, com menos seis pontos do que o primeiro, e conseguimos acabar em primeiro lugar, o que demonstra o bom trabalho desenvolvido por todos.

Ficar à frente de equipas que lutaram pela subida até à última valoriza ainda mais o feito?

- O facto de termos duas equipas como o Canelas e o Lourosa, que estiveram a lutar pela subida, demonstra bem a competitividade existente, mas também valoriza aquilo que fizemos.

Assumiu o Fafe em março, nessa altura como sentiu que estava o grupo animicamente?

- Acima de tudo senti uma equipa desmoralizada, que estava triste com aquilo que lhe estava a acontecer. Mas senti, também, uma equipa que rapidamente percebeu que havia condições e matéria suficiente para darmos a volta. Uma equipa que rapidamente assimilou tudo o que lhe foi pedido a todos os níveis e que demonstrou uma abertura grande para dar a volta às coisas. O segredo foi a cumplicidade que conseguimos ter entre todos.

Tem o sentimento de dever cumprido?

-Sim, sem dúvida, sinto um enorme orgulho, sobretudo pela forma como tudo aconteceu e pelo grupo fantástico que temos.

Esteve sem treinar entre 2018 e 2020. Foi por algum motivo especial?

- Foi uma opção pessoal e profissional. Além do futebol, a minha família tem uma empresa de peúgas de desporto, onde sou o diretor comercial. Naquela altura, senti que era mais importante estar com eles. Aliado a isso veio, também, uma desilusão no Aves e houve ali um período em que fiquei triste com o futebol e achei importante parar. Depois apareceu novamente o convite para treinar e, aí sim, continuei.

E o bichinho do futebol fala sempre mais alto...

- Fala, fala mesmo, e quem gosta de futebol sabe que assim é. Por vezes, na vida, temos de tomar opções racionais e não com o coração.

Nesse período em que esteve dedicado ao negócio familiar foi fácil distanciar-se do futebol?

- Foi muito complicado. A relação com o futebol é daquelas relações que não se conseguem acabar. Quando tentamos afastar-nos nunca conseguimos. Durante esse período houve sempre muita vontade de voltar, houve projetos que foram aparecendo e que me custou muito recusar, mas tinha de ser, naquela altura tinha de ser.

Nessa altura teve, então, algumas abordagens?

- Sim, inclusive tive uma proposta do estrangeiro que financeiramente era muito vantajosa, mas não era o "timing" de o fazer e decidi continuar fora do futebol.

Em novembro passou a diretor desportivo do Santa Clara...

- Estava no Santa Clara desde agosto, mas em novembro assumi o cargo de diretor desportivo, além de acumular funções como administrador da SAD. Depois, mais uma vez, a parte profissional não me permitia ir tantas vezes aos Açores, e como já tinha em mente voltar a treinar, acabei por sair. Foi mais um passo e uma etapa na minha vida profissional que me deu enorme prazer.

Antes disso também chegou a estar perto de assumir a Sanjoanense...

- Havia um investidor que ia entrar no clube, e, no início da época, até estávamos a trabalhar nesse sentido, mas, fruto de algumas complicações, as coisas deram uma volta e não continuamos.

Pensando no futuro, continuar no Fafe é uma possibilidade?

- Há abordagens noutros sentidos também, mas estou totalmente disponível para continuar no Fafe.

O Fafe já passou pela II Liga, o objetivo é voltar a colocá-lo nesse patamar?

- Sem dúvida, eu vejo o Fafe como uma equipa que pode, claramente, estar na II Liga, pelas condições que tem e pela moldura humana que conseguiu criar.