Declarações de Roger Schmidt, treinador do Benfica, no âmbito do Thinking Football Summit, que começou esta sexta-feira no Porto e se prolonga até domingo.
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Tendo o Roger elogiado a atitude das equipas e a qualidade de jogo no nosso país, acha que há potencial para a Liga portuguesa chegar ao top-4 ou top-5 europeu? "Acho que Portugal é um país incrível, mas de dimensão pequena, com cerca de 10 milhões de habitantes. Logicamente, o número de jovens talentos é menor do que noutros países. A Alemanha, por exemplo, tem 70 milhões de habitantes. Acho que o lugar que Portugal ocupa, neste momento, no contexto europeu, é muito bom. E acho que continua a melhorar, como as nossas melhores equipas, o FC Porto e o Benfica, e claro o Sporting, que quase permitiu termos três equipas portuguesas nas fases a eliminar da Liga dos Campeões. Podemos olhar para o caso de grandes equipas que não se conseguiram qualificar, já pela segunda vez consecutiva, como é o caso do Barcelona. Por isso, aquilo que se passa em Portugal já é bastante positivo, mas há sempre espaço para melhorarmos. E parte deste crescimento vem da capacidade de a Liga portuguesa se manter altamente competitiva. Mas eu consigo ver isso, consigo ver o potencial, a forma de se jogar em Portugal é muita boa. E se as equipas grandes continuarem a competir a nível internacional... aqui junto o Braga, que tem feito grandes campanhas. Na minha opinião, nunca é fácil jogar contra equipas portuguesas. Posto isto, acho que o futebol português caminha na direção certa.
O que acha sobre o povo português? Como tem sido a sua experiência em viver em Portugal? "Senti-me muito bem recebido. Os portugueses são muito acolhedores e muito positivos. Sinto uma energia positiva muito forte no país. Tenho gostado muito de viver e trabalhar aqui. Foi, sem dúvida, uma das melhores decisões que já tomei na vida".
Em relação ao Thinking Football Summit, qual é a importância de haver eventos como este? "É muitíssimo importante haver esta troca de ideias. Especialistas que se juntam para debater vários tópicos. Que se sentam para debater temas importantes para a indústria do futebol. Acho que é fundamental para o seu desenvolvimento. Se queremos desenvolver algo, por exemplo, em relação aos próximos passos a tomar no futebol português, como é óbvio, é necessário que estas pessoas debatam sobre o tema".
Como é que se descreveria a si mesmo? De que forma é que a pessoa e o treinador estão interligados? "No meu dia-a-dia, sou tal como sou enquanto treinador. Não tento ser diferente. Acho que o importante no futebol, e enquanto treinador, é ser-se genuíno, o que torna as coisas mais fáceis para nós mesmos. Se adotarmos uma persona, torna-se mais complicado. Faço os possíveis para continuar a gostar de futebol, como na altura em que era jogador. E quero continuar a ter prazer nisso. Sei que no futebol, isso depende sempre do sucesso das equipas. No Benfica, isso significa lutar sempre por títulos. Gosto de estar todos os dias com os jogadores, juntamente com o staff técnico, e trabalharmos para estar na melhor forma nos dias de jogo. Fazer com que os adeptos se sintam felizes e orgulhosos. Essa é a minha maior motivação. Eu sou o que sou. Não finjo ser outra pessoa. Claro que faço sempre essa diferenciação quando estou com os jogadores. Tenho de treiná-los e geri-los como jogadores, mas por detrás de cada jogador, há um ser humano. Tento ver sempre essa parte. Porque se queremos os jogadores ao melhor nível, eles devem sentir-se felizes e relaxados, e é por isso que devemos ter a noção de que há alguém mais por detrás de um jogador".
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