Roger Schmidt, treinador do Benfica, esteve à conversa com o jornalista Pedro Pinto no âmbito do Thinking Football Summit, que começou esta sexta-feira no Porto e se prolonga até domingo.
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Impressões sobre o futebol português: "Eu já tinha uma opinião sobre o futebol português, visto que já joguei contra equipas portuguesas na Liga do Campeões e na Liga Europa. E foram sempre jogos complicados. Mas, para ser sincero, eu tenho uma mente muita aberta quando inicio funções noutro país. Assim que cheguei aqui, quis obter informação sobre os meus jogadores e perceber o seu mindset e a sua forma de trabalhar. E, claro, no início da época, comecei a entender melhor as outras equipas. E o que posso dizer após cinco meses é que esta é uma competição muito difícil, comparando a outras ligas onde já trabalhei. Cada preparação para um jogo é um desafio, mas por vezes surpreendemo-nos durante o jogo em si, porque a abordagem das equipas acaba por ser diferente do que estava planeado. E algo que já notei, especialmente no aspeto defensivo, quando se joga contra equipas que não se encontram no mesmo nível das equipas grandes como o Benfica, o FC Porto ou o Sporting, estas são, mesmo assim, muito bem organizadas, bastante destemidas. E que, na minha opinião, são muito boas a defender."
Diferenças para outros campeonatos por onde passou: "Como disse anteriormente, as equipas quando jogam, elas acreditam sempre que têm as suas hipóteses. O que sinto é que elas acreditam que podem ganhar. Não ficam sequer contentes se "só" perderem por poucos golos. Isto é o primeiro ponto. E depois depende como se desenrola o jogo em si. Se marcamos cedo, torna-se naturalmente mais fácil. Mas se não marcamos e eles acabam por marcar, aí a tarefa torna-se mais complicada. Noutros países, quando se joga contra equipas que se encontram em zonas inferiores da tabela, sente-se que elas não acreditam verdadeiramente que podem vencer o jogo. Acho que esta é uma das diferenças para com outras ligas."
Aposta na juventude: "Sim, acho que é uma filosofia clara do Benfica. O desenvolvimento do jovem jogador, de estes conseguirem poder jogar na equipa principal. E se forem efetivamente bons, serem vendidos, e assim continuar a fomentar também esta filosofia de gerar dinheiro para que o clube se mantenha altamente competitivo a nível europeu. Acho que é uma filosofia fantástica porque, para cada clube, é um valor imenso que os jogadores da sua formação possam subir à primeira equipa. É um fator identitário para o clube, mas também para os adeptos. Por exemplo, os adeptos do Benfica gostam de ver os jogadores da formação a jogar na equipa principal, pelo menos alguns deles. É certo que não podem ser só eles. Se queremos ser competitivos na Liga dos Campeões, não podemos jogar só com os miúdos da formação. Mas termos alguns na equipa é muito bom. E acho que essa tem de ser a política em todos os clubes. Alguns clubes não conseguem fazê-lo. Mas num clube como o Benfica, ou como outros clubes em Portugal ou na Europa, é um sinal forte para a cultura do clube. E acho que é algo que acrescenta qualidade. Esta também foi uma das razões que me fez vir para aqui, para trabalhar com estes jogadores."
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