Vende casas e espreita oportunidade na I Liga: "Como tinha algum tempo livre..."
Miguel Ventura assinou pelo Santa Clara e concilia a carreira no futebol com a de agente imobiliário, após ter tirado o curso de Gestão de Recursos Humanos nos EUA
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Os adeptos do Santa Clara não devem estranhar se virem Miguel Ventura nos relvados e, pouco depois, a andar pelas ruas de Ponta Delgada a vender casas. O esquerdino, de 23 anos, assinou pelo clube açoriano e vai começar pela equipa B, mas divide o tempo de jogador com o de agente imobiliário na Realty ONE Group Azores. “Assinei pelo Santa Clara e, como tinha algum tempo livre, achei interessante este trabalho, porque é uma área de que eu gosto, negócios. É um desafio para mim e eu gosto de desafios. Depois conheci o Pedro Fraga, um dos três donos da empresa, com o Vítor Fraga e o André Branco”, conta a O JOGO o futebolista que tanto pode atuar como lateral ou extremo.
Passou pelos iniciados do Sporting, jogou na Académica e foi estudar para o Nebraska. De regresso aos Açores para recuperar de uma lesão, foi à experiência ao Santa Clara e assinou.
Miguel Ventura gosta de andar na rua a vender casas e a falar com as pessoas. “Como tirei o curso de Gestão de Recursos Humanos e como sinto que tenho veia para o negócio, esta é uma área muito social e de que gosto bastante. Já estive em muitos sítios por causa do futebol e conheci muitas personalidades. Isso deu-me bagagem para falar com as pessoas”, justifica.
O reforço do Santa Clara voltou a Portugal há praticamente seis meses, depois de quatro anos nos Estados Unidos, onde tirou o curso. “Ganhei uma bolsa desportiva e decidi ir para o Nebraska porque queria jogar e estudar. Achei que seria uma excelente oportunidade e confirmou-se. Sempre tive vontade de experienciar o sonho americano”, conta o ala e agente imobiliário.
Por ter família nos Estados Unidos e “conhecer e cultura do país”, Ventura ficou sempre com a curiosidade de viajar para lá. Quando teve conhecimento de que havia uma “oportunidade de ganhar uma bolsa através de uma empresa, a Next Level Sports”, começou de imediato a fazer pesquisas para saber se aquele era o passo certo na vida. “Estava na minha última época de formação na Académica de Coimbra e indeciso se devia entrar para a universidade ou continuar com o futebol, mas como surgiu essa oportunidade, fui para lá estudar e jogar”, explica.
E foi com a camisola dos Creighton Bluejays que disputou os campeonatos universitários de 2021 a 2024. “Cada universidade tem as suas divisões e eu estava na Divisão 1, a melhor liga universitária. Aquilo tem um nível espetacular, com condições muito boas, com o mesmo nível ou melhor do que os clubes profissionais”, destaca Miguel Ventura, para quem a experiência na cidade de Omaha, no Nebraska, foi enriquecedora sob todos os pontos de vista. Mesmo que tenha terminado com um golo que lhe saiu caro. “Rematei com força e marquei, mas sofri uma lesão muscular na coxa esquerda. Foi o meu último golo na universidade”, recorda, soltando uma gargalhada.
Sem tempo para lamentações e com um espírito positivo, voltou a Ponta Delgada para recuperar. Já em boa forma, abriu-se mais uma porta para uma nova aventura no mais importante dos clubes açorianos, após ter jogado nas camadas jovens do São Roque e na Associação Clube de Futebol Pauleta. “Tive oportunidade de ir treinar ao Santa Clara, gostaram de mim e quiseram que eu ficasse”, conta Miguel, entusiasmado por “estar a um passo de concretizar o sonho de chegar a um alto nível”.