Queda na receita e convicção de que é possível fazer mais com menos levam a cortes nas modalidades. Ciclismo, em parceria com o Tavira, pode ter ponto final.
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Está em marcha o plano noticiado por O JOGO em maio sobre o reajustamento da realidade do Sporting nas modalidades. Futsal e hóquei perdem, mas são as menos afetadas. Há que baixar investimento
Frederico Varandas já está a executar o plano de reorganização das modalidades do Sporting, notícia avançada pelo nosso jornal a 15 de maio. Sabe O JOGO que o presidente dos leões vai, no global, cortar acima de 3 milhões de euros em relação ao orçamento da última época (os sócios, na assembleia geral de janeiro, aprovaram um plano com receitas de 24,26 milhões).
O leão tem privilegiado a Europa e ganhou seis títulos nesse capítulo: judo masculino, atletismo feminino, goalball masculino e feminino, futsal e hóquei em patins
Segundo foi possível perceber, a Direção dos leões sabe que terá proveitos inferiores ao ano transato, situação já prevista pela administração há alguns meses e que obriga a um reajustamento das contas; por outro lado, Varandas quer reduzir ao máximo o impacto no ecletismo do Sporting: entende que neste momento é incomportável gastar o que o clube gasta, mas tentará evitar quedas abruptas de competitividade, principalmente nas secções que mais sucesso internacional trazem para o clube, como é o caso do futsal e hóquei, ambas campeãs europeias esta temporada. É verdade que em cada modalidade haverá um decréscimo de meio milhão de euros no orçamento do próximo ano (ver gráfico), mas também é certo que a casa já está praticamente arrumada. A equipa de Nuno Dias desfez-se, por exemplo, de um dos jogadores mais dispendiosos do plantel, o pivô Dieguinho, mas vai manter a base, enquanto a comandada por Paulo Freitas irá cortar nos salários (o plantel, tal como na última época, mantém 12 atletas).
Anti... e juventude
O andebol é outra modalidade em que o corte se fixará no meio milhão de euros. Apesar da qualificação histórica para os oitavos de final da Champions, onde caiu aos pés do Veszprém, internamente a equipa não conseguiu o tricampeonato, deixando fugir o título para o rival FC Porto. A Direção entende que apesar de ser imperativa a exposição internacional, é na liga que o leão deve manter o seu foco. O técnico Hugo Canela saiu, para o seu lugar entrou o francês - e prestigiado - Thierry Anti, que já sabe que a a formação e o produto interno é para explorar ao limite.
Também o voleibol, que foi campeão logo no seu primeiro ano após o regresso, vai sofrer alterações: mudou o treinador (Gersinho sucedeu a Hugo Silva) e saíram os atletas mais caros. Após uma época em que as quatro modalidades de pavilhão se sagraram campeãs, em 2018/19 houve zero títulos nacionais em Alvalade.
Fim de uma parceria
Sabe também O JOGO que se perspetiva o fim da parceria entre Sporting e o Clube Ciclismo de Tavira. A vitória na Volta a Portugal é a meta principal dos leões, mas nem esse triunfo deverá alterar o cenário para extinguir a secção.
Contactada por O JOGO para se pronunciar sobre os cortes em perspetiva, fonte oficial do Sporting remeteu para a AG de dia 29 para elucidar os sócios.
Basquetebol entra e Nélson Évora pode sair
O regresso do basquetebol sénior foi uma prioridade assumida por Varandas e, em concreto, pelo diretor geral das modalidades, Miguel Afonso. Voltando 25 anos depois à I Divisão, o Sporting quererá entrar na luta pelo título e investirá 800 mil euros, longe, porém, dos 1,5 milhões desejados pelo treinador Luís Magalhães. Travante Williams chega da Oliveirense e receberá quase 100 mil euros por ano.
Noutro sentido, o atletismo terá baixas importantes, nomeadamente Nelson Évora, que já foi campeão europeu, mundial e olímpico no triplo salto. Évora é o mais caro da secção e tem sido útil nos Nacionais de clubes em pista coberta e ao ar livre, mas perdendo para o benfiquista Pedro Pichardo, rival que continua a ter a hegemonia no masculino. No ténis de mesa, o Sporting acredita que continuará dominador, mesmo sem João Monteiro, contratado para vencer na Europa. O clube chegou às "meias", mas precisaria investir num craque chinês ou alemão, incomportável neste momento.