V. Guimarães não espera e aciona opção de compra por Zé Carlos: "Pode chegar à Seleção A"
Cedido pelo Varzim, o internacional sub-21 convenceu e o clube vitoriano vai exercer a opção de compra por 400 mil euros. Responsável pela passagem de Zé Carlos de médio para lateral-direito, António Barbosa, antigo treinador do Varzim, acredita que o jogador do Vitória pode até chegar à Seleção Nacional.
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Zé Carlos convenceu e o V. Guimarães não vai esperar mais, tendo decidido acionar a opção de compra para ficar em definitivo com o internacional sub-21. Depois de pagar ao Varzim 300 mil euros pelo empréstimo, a SAD vitoriana tinha até 30 de abril de 2023 para exercer a opção de compra do passe por 400 mil euros, mas nem vai esperar pela data limite.
O Vitória pode ainda exercer uma segunda opção de compra, também por 400 mil euros, para ficar com mais 25 por cento dos direitos económicos do jogador, neste caso, até 30 de janeiro de 2024. Caso as duas opções venham a ser exercidas, o Varzim assegura ainda 25 por cento do passe do atleta numa futura venda.
Apesar de Zé Carlos estar em ano de estreia na Liga Bwin, António Barbosa, antigo treinador do Varzim, não ficou surpreendido com a afirmação do seu ex-jogador.
"Não estranho, porque ele tem uma grande capacidade mental. É altamente focado, determinado para ter sucesso e está a viver o sonho de se tornar profissional de futebol. Recorde-se que há um ano estava no futebol regional. Cada vez que lhe aparece um desafio, procura aprender para ter sucesso e corporiza aquilo que é o Vitória: a ambição, determinação e competitividade. Por isso é que foi tão bem aceite pelos vitorianos", explicou o treinador em declarações a O JOGO, reservando-lhe voos mais altos. "O Zé Carlos pode chegar à seleção A, mantendo e melhorando as capacidades técnicas e táticas, continuando a ser combativo e ambicioso."
Lançado em Alvalade como lateral-direito
António Barbosa foi o responsável pela passagem de Zé Carlos de médio para lateral-direito e considera que o jogador de 20 anos tem muitas condições para evoluir. "Defensivamente, pode melhorar os aspetos posicionais, nomeadamente a cobertura desse espaço nas ações de cruzamentos e de finalização", elenca o técnico, certo de que essa melhoria vai "acontecer com a rotina de treino e de jogo", até por estar a falar de um jogador "inteligente e que aprende rapidamente". "Não me lembro de lhe ter explicado a mesma coisa duas vezes", garante.
Ofensivamente, Zé Carlos sente-se completamente à vontade. "Gosta de jogar para a frente, arrisca o passe e tem boa capacidade de receção", destaca, resumindo tudo numa frase. "É um jogador que tem muita qualidade."
Curiosamente, o camisola 28 até começou a jogar no Varzim como médio. Barbosa recorda até o dia em que foi observar o "miúdo". Depois de garantirmos a permanência na Liga SABSEG [2020/21], no dia seguinte fui ver a equipa B do Varzim, juntamente com o presidente, e o Zé Carlos tinha sido referenciado pelo coordenador, o António Oliveira, como um dos jogadores que poderiam interessar para começar a trabalhar com a equipa A. Ele jogava como 6/8 e confirmou-se a sua capacidade, ainda que num contexto competitivo baixo, mas eu quis que ele continuasse a trabalhar connosco e vimos logo que tinha um perfil diferente", contou o treinador de 40 anos.
Na pré-época de 2021/22, o ex-técnico dos poveiros traçou um plano para lançar o atleta nos jogos da Taça de Portugal. "Entrou com o Oleiros [aos 87"] e fez a assistência para o 2-0; entrou com o Marítimo [aos 110"] e bateu uma das grandes penalidades. Em Alvalade, coloquei-o a lateral-direito", recordou, revelando até que a aposta não agradou a todos. "Houve até uma pessoa da Direção do Varzim que disse que eu estava tolo e que ia prejudicar o miúdo, porque achava que ele ia comprometer com o Sporting e que nunca mais se levantava. No final do ano, só lhe disse isto a essa pessoa: "no final da época, quando venderem o miúdo, depois eu falo consigo". A partir daí jogou sempre a lateral-direito connosco."
"Em todos os penáltis ele levantava o dedo"
Se o Vitória precisar de um especialista em penáltis, pode contar com Zé Carlos. António Barbosa revela a O JOGO um episódio ocorrido na época passada, quando a eliminatória com o Marítimo teve de ser decidida na marca dos 11 metros. "Perguntei aos jogadores quem queria bater os penáltis e o Zé Carlos levantou logo o dedo, mas eu não queria que ele marcasse os dois primeiros nem o último, porque são os mais decisivos, e virei-lhe as costas. Comecei a olhar para o lado, mas em todos ele levantava o dedo. Acabou por bater o terceiro e ganhámos", recorda o antigo treinador do Varzim.