Pela primeira vez ao fim de 14 anos, o FC Porto tem cinco portugueses entre os 11 mais utilizados
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O futebol expressa-se em todas as línguas, mas há uma curiosidade no atual plantel do FC Porto à qual é impossível escapar: é preciso recuar 14 anos para encontrar tantos jogadores portugueses entre os 11 mais utilizados.
Fizemos as contas em função dos minutos de utilização e, neste momento, são cinco: Diogo Costa, Otávio, João Mário, Pepe e Vitinha. Se levássemos em conta apenas o número de partidas, o resultado seria igual, apenas com Sérgio Oliveira no lugar de Pepe, mas olharemos aos minutos por retratarem da melhor forma a utilização dos jogadores.
Este quinteto sucede a Bruno Alves, Quaresma, Raul Meireles, Bosingwa e Pedro Emanuel, que figuraram entre os 11 mais utilizados por Jesualdo Ferreira em 2007/08, na terceira época do último tetracampeonato portista. Todos eles, aliás, tiveram forte impacto nessa geração vencedora. Se puxássemos a fita atrás até ao início do século, a presença lusa aumentaria, com o auge na geração dourada de José Mourinho, que em 2002/03 chegou quase ao pleno: eram dez portugueses. Por outro lado, se olharmos de 2007 para a frente, o peso dos portugueses foi caindo e chegou mesmo aos zero em 2014/15, na primeira época de Lopetegui. Outros tempos e um reflexo das mudanças na abordagem ao mercado de transferências, numa globalização que acabou por originar pequenos clãs de várias nacionalidades nos clubes.
No mesmo sentido, os últimos anos têm trazido uma aposta mais vincada na formação, o que nos reconduz ao quinteto de 2021/22, que tem três jogadores que saíram do Olival e conquistaram a Youth League em 2019: Diogo, João Mário e Vitinha. Aqui, já se trata de uma marca diferenciadora.
No grupo de 2007/08, apenas Bruno Alves tinha passado pela formação - mas pouco tempo, por comparação com os exemplos atuais - e, desde o início do século, só mesmo o plantel que venceu a Taça UEFA de 2003 tinha mais jogadores com passagem pelas escolas do FC Porto entre os mais utilizados: Vítor Baía, Jorge Costa, Hélder Postiga e Ricardo Carvalho, de novo com a ressalva de este último só ter chegado às Antas para a equipa dos Sub-19.
Resta o tempo dizer que marca estes jovens deixarão no clube, sendo que, no mínimo, já se sagraram campeões nacionais, em 2019/20, época em que Sérgio Conceição os foi buscar à equipa B.
CURIOSIDADES
Só Vítor Baía como Diogo Costa
Entre os portugueses com mais minutos de utilização, desde o início século, só se encontram dois guarda-redes: Vítor Baía e Diogo Costa. O atual titular enverga o 99 que pertenceu a uma das grandes figuras do clube e agarrou a baliza de forma consistente esta época, a terceira desde que chegou ao plantel principal
Primeira jornada igualou 1996/97
Seis jogadores formados no clube foram utilizados frente ao Belenenses, na primeira jornada - Diogo Costa, João Mário, Bruno Costa, Sérgio Oliveira, Fábio Vieira e Francisco Conceição - o que não acontecia desde 1996/97
Pepe aparece duas vezes nas listas
Adotado muito cedo por Portugal e uma das figuras da Seleção Nacional, Pepe entra por duas vezes nas listas dos lusos mais utilizados nos planteis dos dragões: já lá tinha estado em 2006/07. Ainda poderíamos contabilizar a época anterior, só que o defesa-central só adquiriu nacionalidade portuguesa em 2007. Otávio, recorde-se, atingiu esse passo em 2020
A revolução espanhola de Julen
Contratado em 2014, Julen Lopetegui liderou uma profunda transformação no plantel, que fechou a época sem lusos entre os onze mais utilizados - Quaresma foi o 12.º. Dos 13 espanhóis da história do clube, nove foram trazidos por este treinador. Casillas virou ídolo num ápice e Marcano já soma 206 jogos
Colômbia com lugar especial na história
Se há nacionalidade que diz muito aos portistas é a colombiana, que se liga diretamente a dois grandes artilheiros: Radamel Falcao e Jackson Martínez, o sucessor. No total, nove cafeteros foram contratados pelos dragões, e se nem todos deixaram saudades (Rentería que o diga), é impossível esquecer James Rodríguez. Atualmente, Matheus Uribe e Luis Díaz são peças fundamentais no onze