Seleção brasileira atenta: "Evanilson é um jogador de mão cheia e Pepê vai resultar"
André Jardine, selecionador olímpico do Brasil, diz a O JOGO que o avançado tem "teto muito alto" e o extremo "está louco para mostrar serviço". Os dois jogadores vivem momentos de forma contrastantes. Evanilson é titular e até bisou no clássico, enquanto Pepê não tem visto Díaz facilitar-lhe a vida. Mas há crença na qualidade do ala
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Evanilson foi um dos desataques no clássico em que fez dois dos três golos - antes de ser expulso - e tem ganho protagonismo no ataque portista. Pepê, por outro lado, está numa situações contrastante, com poucas oportunidades no onze.
O JOGO falou com André Jardine, conhecedor do duo, com quem trabalhou num passado recente e o selecionador olímpico do Brasil considera que o avançado tem provado ser um "jogador de mão-cheia" de dragão ao peito, ao ponto de estar referenciado pela seleção principal do Brasil, enquanto o extremo, ainda em processo de adaptação, irá "continuar a trabalhar" até ganhar preponderância.
"Se ainda não está a render, deve estar incomodado e até louco para mostrar o que vale. De certeza que o Pepê terá um bom rendimento. Quando tiver uma sequência assinalável de jogos, também vai resultar bem na equipa", vaticina.
A dupla portista fez parte do anterior ciclo olímpico do escrete e, no caso de Evanilson, o próximo passo passará pelo salto para a seleção principal. Jardine entende que os recursos técnicos e físicos do ex-Fluminense "são uma vantagem no contexto do futebol moderno" e até vai de encontro às palavras recentes de Sérgio Conceição sobre o atacante. O treinador do FC Porto tem elogiado "a capacidade de ligação entre setores" e o trabalho de Evanilson no ataque, algo que o homólogo canarinho corrobora.
"É exatamente por isso que sempre gostámos dele. É dono de um jogo sem bola muito interessante, não se poupa ao trabalho, abre espaços, cria opções de passe e apresenta uma taxa de trabalho defensivo muito alta. É mesmo um atacante de mão-cheia", reitera André Jardine, que compara o camisola 30 dos dragões a Matheus Cunha, avançado do Atlético de Madrid: "Têm um potencial semelhante. Fazem movimentos de rotura e o Evanilson vai crescer mais, ainda não está no seu auge".
A esse propósito, qual o teto do portista? "É difícil de precisar... Está a trabalhar num contexto privilegiado, tem humildade muito grande e elevado potencial técnico. O teto dele é muito alto, pois tem as ferramentas necessárias, sobretudo físicas, para jogar ao mais alto nível. É um rapaz muito focado, muito determinado. Também passou por muitas dificuldades na vida, por isso dá muito valor a todas as conquistas", acrescenta o selecionador.
Pepê, por sua vez, vai lutando como pode. A disputa de um lugar no onze com Luis Díaz não lhe tem facilitado a tarefa e, até ver, só foi titular em duas ocasiões (dois golos). "Quando Díaz sair do FC Porto, tenho confiança total na demonstração do valor do Pepê. Confirmo que ele tem muita qualidade, é dono de um poder de decisão muito grande, foi excelente no Grémio e fez um grande pré-olímpico na seleção. Precisa de ter paciência", afirma, referindo que os 15 milhões de euros que custou à SAD portista não entram na cabeça do ala.
"Não acredito que um jogador do nível do Pepê se importe com isso. Ele sabe o valor que tem, mostrou isso no período em que trabalhou connosco", realça o treinador, que aponta a polivalência como aspeto a explorar por Conceição. "Ainda pode fazer mais funções. Jogou sempre como extremo-esquerdo no mesmo modelo de jogo. Compromisso defensivo? Ele vem de um estilo muito individual, talvez precise de orientação para defender melhor à zona. Não conheço profundamente as ideias de Sérgio Conceição, mas sei que o Pepê é um menino inteligente, capaz de se adaptar rapidamente ao que lhe é pedido", ressalva André Jardine, confiante na afirmação do ex-pupilo. "Com tempo, vai conseguir vingar", remata.
Ritmo alto facilita seleção principal
Evanilson leva oito golos (dois deles no recente clássico) e aproxima-se da seleção principal do Brasil. "A Confederação brasileira está atenta e acompanha os jogadores que já trabalharam connosco e que têm potencial. Uma vez que está a ter continuidade e já não será chamado para a [seleção] olímpica, em breve deverá ser observado de perto pela comissão técnica do Tite", afirma André Jardine, colocando o benfiquista Morato na mesma linha.
"A próxima geração já será a dos nascidos de 2001 em diante. Seguimos o Morato, que será muito importante. Mas estamos sempre atentos e qualquer jogador de qualidade que surja pode ser alvo de observação", assegura.