"Um espetáculo, festival, concerto, paga 13% de IVA. Mas ver o Lourosa, Belenenses, Vitória já é 23%. Basta"
Discurso de Pedro Proença na cerimónia da tomada de posse dos novos órgãos sociais da Federação Portuguesa de Futebol, que agora é liderada pelo ex-presidente da Liga Portugal
Corpo do artigo
Pede diminuição do IVA nos espetáculos desportivos: "Se sou capaz de apontar o que temos de melhorar em nós mesmos, permitam-me fazer o mesmo com outas instituições e decisores. Afirmei há uns dias que a FPF não é um partido político. Gostava que isso fosse muito claro. Todos os partidos com representação parlamentar merecem o nosso respeito e serão interlocutores dos nossos anseios. Aproveito para agradecer a presença das vossas delegações. O mesmo se passa com o Executivo liderado pelo Dr. Luís Montenegro. Já aqui garanti durante a apresentação do nosso programa que não seremos escudo para governos nem bala para governantes. Sabemos bem que nem todas as propostas podem ser aceites, mas sabemos que algumas aguardam há anos demais. O virar de página na FPF também nos traz isto: a energia para um tempo novo. Inconformismos com o que ainda não andou. E exemplifico o que exporemos a todos os agentes políticos em detalhe e que podem esperar que não iremos largar. Quem for ver um espetáculo de uma influenciadora de YouTube, ir ver um festival de verão, um concerto, paga apenas 13% de IVA. Desde o início do ano, quem vai a uma tourada paga ainda menos. Pois, assistir a um jogo do Lourosa, do Belenenses, dos Leões de Porto Salvo, do Vitória ou de qualquer outro clube e seleção de qualquer modalidade paga 23%. Basta. Basta disto. Viremos a página, porque chegou a hora de acabar com esta discriminação negativa. E isso parece-me óbvio: negativa sem qualquer justificação, algo que é evidente. Se há poucos meses os políticos foram capazes de terminar com um corte injusto que pendia sobre os seus próprios salários, estou certo que entenderão que chegou a hora de resolver este tema que se arrasta há anos de mais. Sem meias palavras: o IVA dos espetáculos desportivos tem de ser equiparado ao IVA de qualquer outro espetáculo que se desenvolve em Portugal. Não queremos que seja menos, nem mais."
Choque fiscal: "Em segundo lugar, é vital que o futebol português mantenha uma competitividade externa forte. Para o fazer, precisa de um choque fiscal forte. Precisamos de o construir em conjunto com o Estado e com foco em algo nuclear: como podemos reter tanto talento que formamos em Portugal? É preciso manter e atrair os nossos jovens, será um chavão que se aplica a tudo menos para o futebol? Não acreditamos que assim seja. Sabemos por conversas sérias mantidas com vários Governos que não é escondendo este problema que atrofia a nossa competitividade que ele vai desaparecer da nossa mesa. Por isso, sr. ministro da tutela, senhores responsáveis, sr. ministro da Economia, sr. ministro das Finanças, sr. Primeiro-ministro: o IRS sobre atletas de alto potencial abaixo dos 23 anos vai precisar de uma resposta inadiável. Tem de ser. Eles não podem existir apenas para promover Portugal e receberem homenagens públicas. Isso são palavras valiosas, mas palavras. Esta Federação prefere ações."
Um PRR para as infraestruturas desportivas: "Em terceiro lugar, precisamos de um PRR nacional para as infraestruturas desportivas. Um verdadeiro plano nacional que deixe de ver cada pequena terra e nos trace um retrato macro do que nos falta. A nós e aos outros desportos. Temos nas infraestruturas ou na falta delas o nosso maior fator crítico de crescimento. Ou não saberão todos que vivemos num país em que os treinos das raparigas, das jovens de 13, 14 e 15 anos acontecem às 20h, 21h ou 22h porque os campos estão ocupados por rapazes antes? Não quero este País. Nós não queremos. Não me orgulho nem conformo com este facto. Se queremos apregoar igualdade de género, oportunidades semelhantes, mais uma vez não me digam para ser politicamente correto e continuar a fazer 'press's' ao topo da pirâmide. Se não tivermos no PRR uma bazuca para as infraestruturas desportivas, o país vai continuar a crescer em número de praticantes de forma anémica, bem abaixo do seu potencial, enquanto os recursos se desviam para projetos de umbigos singulares."