Mundiais de atletismo: Pichardo é o primeiro "repetente" português, Lyles rei dos 200 m
Para o pai e treinador quase foi um "enfarte", para o presidente da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) quase foi "um balde de água fria" e para as dezenas de milhares de adeptos no Estádio Nacional do Japão foi um final eletrizante de um dia inteiro de competição
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Pedro Pablo Pichardo tornou-se esta quinta-feira no primeiro bicampeão português de atletismo, impondo-se no triplo salto em Tóquio'2025, enquanto o norte-americano Noah Lyles, rei dos 200 metros, se redimiu e a neerlandesa Femke Bol brilhou nos 400 barreiras.
Para o pai e treinador quase foi um "enfarte", para o presidente da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) quase foi "um balde de água fria" e para as dezenas de milhares de adeptos no Estádio Nacional do Japão foi um final eletrizante de um dia inteiro de competição.
Pichardo liderava confortavelmente a final do triplo salto desde que conseguiu 17,55 metros à segunda tentativa, e daí para a frente todo o concurso estava "morno", repleto de nulos ou tentativas abaixo do potencial real dos atletas.
No sexto e último ensaio, reservado aos seis melhores, o italiano Andrea Dallavalle tinha guardado um "golpe de teatro" e saltou 17,64 metros para arrebatar a liderança e obrigar Pichardo, que ponderava abdicar do sexto salto, como já havia feito com o quinto, a calçar-se.
O luso não acusou a pressão e conseguiu 17,91 metros, engrossando um palmarés de excelência, que agora conta dois títulos de campeão do mundo, o único português no atletismo que o pode dizer, para lá de um título olímpico, uma prata em Jogos, três Ligas Diamante e três títulos europeus, um deles ao ar livre.
A 25.ª medalha lusa em campeonatos do mundo, a segunda na capital japonesa, depois do triunfo de Isaac Nader nos 1.500 metros, foi assegurada com a melhor marca do ano, à frente do surpreendente Dallavalle, que até aqui tinha como principal destaque de carreira ter sido vice-campeão europeu em Munique'2022, relegando para o terceiro lugar o cubano Lázaro Martínez, que foi "vice" em Budapeste'2023, esta quinta-feira afetado por problemas físicos e incapaz de superar 17,49.
Nos 200 metros, uma das finais mais esperadas do programa, o norte-americano Noah Lyles redimiu-se do bronze conseguido na final dos 100 metros e confirmou o estatuto de grande "estrela" da velocidade, ao cruzar a meta em 19,52 segundos.
Foi o quarto título seguido de Lyles na distância, à frente de outro norte-americano, Kenny Bednarek (19,58), enquanto o terceiro posto foi, surpreendentemente, para o jamaicano Bryan Levell (19,64).
A surpresa da final foi a ausência do pódio do campeão olímpico, Letsile Tebogo, do Botswana, que foi quarto, a um centésimo de Levell, em Mundiais de má memória para este atleta, que procurava fazer a dobradinha nos 100 e nos 200 e acabou sem medalhas - na primeira foi desqualificado por falsa partida.
Nas barreiras, o principal "drama" aconteceu na final dos 400 masculinos, em que o norte-americano Rai Benjamin tinha sido inicialmente desqualificado, e por isso despojado do ouro que havia ganho, por derrubar uma barreira que teria impedido a corrida de outro atleta.
Mais tarde, após apelo, a World Athletics confirmou-o como campeão, tendo 46,52 segundos de marca, à frente do brasileiro Alison dos Santos, segundo com 46,84, e do catari Abderrahman Samba, terceiro com 47,06.
A final ficou ainda marcada pelo dececionante resultado do norueguês e recordista mundial Karsten Warholm, no estádio em que arrebatou o ouro nos Jogos Olímpicos Tóquio'2020, acabando no quinto lugar.
A corrida feminina teve a estrela neerlandesa Femke Bol em plano de destaque, a confirmar o favoritismo com 51,54 segundos de marca, tempo mais rápido do ano, batendo a norte-americana Jasmine Jones (52,08) e a eslovaca Emma Zapletalova (53,00).
A recordista europeia da distância "vingou" o bronze em Paris'2024 e revalidou o título que já havia conquistado em Budapeste2023, juntando este à prata que já conquistou em Tóquio, nos 4x400 metros mistos.
A neerlandesa de 25 anos correu sem grande oposição, numa final marcada pela ausência da norte-americana Sydney McLaughlin-Lavrone, que elegeu correr apenas os 400 metros - venceu com autoridade na quinta-feira.