Equipa minhota ainda não venceu depois da retoma do campeonato.
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O Braga teve mais remates do que o Famalicão (14 contra 7), maior percentagem de posse de bola (57%), ganhou mais duelos (60 contra 47), teve mais pontapés de canto (5 contra 3), mais cruzamentos (17 contra 6), maior eficácia ao nível do passe (81% contra 73%), também esteve melhor a passar para a frente (57% contra 50%), mas voltou a não vencer, neste caso, pelo terceiro jogo consecutivo, num momento que coincide com o regresso da competição após a paragem forçada pela pandemia da covid-19.
Mais uma vez, a equipa de Custódio voltou a falhar no essencial, mais ainda do que nas partidas com o Santa Clara e, sobretudo, com o Boavista: o problema está na finalização ou, melhor ainda, no mau momento dos avançados, todos, sem exceção.
O domínio de todos os parâmetros estatísticos na partida com o Famalicão, adensado durante a segunda parte, acabou sem nenhum remate enquadrado. Sim, leu bem, a formação arsenalista rematou por 14 vezes durante o último jogo, mas nenhum na direção da baliza - o melhor que se viu foi um livre de Ricardo Horta a bater com estrondo no poste.
O último remate enquadrado do Braga aconteceu ainda durante a primeira parte do jogo com o Boavista. Entretanto, passaram 144 minutos...
O problema já se tinha repetido durante a segunda parte do jogo com o Boavista, quando o Braga procurava dar a volta ao resultado; nessa altura, também fez quatro remates, mas nenhum deles enquadrado com a baliza. Feitas as contas, os minhotos estão há 144 (!) minutos sem conseguir rematar para golo, num total de 18 (!) tentativas para... fora. Curiosamente, Custódio já tinha tentado explicar, na antevisão do último jogo, a menor inspiração ofensiva da equipa desde o regresso do campeonato.
"A verdade é que há um padrão após a retoma: as equipas que apostam mais na sua organização ofensiva estão a sentir mais dificuldades do que as outras. Tudo o que for mais criativo e mais gestual, demora mais tempo a adquirir. As dificuldades das principais equipas estão à vista de todos e os avançados são aqueles que mais se ressentiram com a paragem", afirmou. A verdade é que esta ideia do treinador voltou a encaixar na perfeição naquilo que foi o jogo com o Famalicão. A equipa criou, encontrou espaços para jogar, mas os jogadores falharam sempre no último terço do terreno, seja no último passe - raramente entrou bem -, seja no remate. A consequência mais imediata desta quebra foi a perda do terceiro lugar, para o Sporting, e da aproximação dos restantes concorrentes a um lugar europeu, Famalicão, Rio Aves e V. Guimarães.