<strong>ENTREVISTA - </strong>Foi a 2 de julho que Pedro Gonçalves assinou pelo Famalicão. O médio, proveniente do Wolverhampton (Inglaterra), assinou um contrato com a duração de cinco temporadas.
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Pedro Gonçalves deixou o Wolves, no defeso, para se estrear na I Liga. Médio foi titular nas sete jornadas já efetuadas e diz que a juventude do grupo faz esbanjar irreverência no relvado. Liderança é momento para "prolongar durante mais tempo".
Esta liderança do Famalicão é como uma brincadeira que está a tornar-se muito séria?
-Não sei [risos]... Estamos apenas a fazer o nosso trabalho e a dar o máximo. Não estamos a pensar em mais nada, senão na permanência.
O Famalicão está há sete jornadas na liderança, mas no balneário impera um discurso cauteloso, onde não entra outra palavra que não a "permanência". Próximo jogo no Dragão é para tentar "dominar"
Todo o plantel e estrutura têm tido um discurso sempre muito ponderado, mas o Pedro está surpreendido com esta liderança?
-Estou surpreendido porque esta é uma equipa quase totalmente nova, que no início não se conhecia, mas isso não foi um entrave ao bom futebol que praticamos. Agora não estou surpreendido, pois a qualidade do plantel está à vista e a Direção organizou tudo na perfeição.
O próximo jogo na liga é no Dragão. Contam surpreender como fizeram em Alvalade?
-Contamos, mas para o fazermos é preciso muito trabalho e sacrifício.
E será um Famalicão a querer dominar como o fez diante do Sporting?
-A intenção que o míster nos transmite passa sempre por controlar e dominar todos os jogos. É isso que também queremos fazer no Dragão.
Se ganharem ao FC Porto, será difícil controlar a euforia dentro do balneário?
-No balneário somos jovens, mas não nos preocupamos com o que se passa lá fora. Queremos é treinar e jogar. Alguns jogadores não falam português e nem sequer veem estas coisas.
Assenta bem trocar, neste momento, o nome do concelho para Vila Nova de Leicester?
-Eu, pessoalmente, nunca tinha ouvido essa comparação. Não sei qual era o objetivo do Leicester no ano em que foi campeão, sei é que o nosso objetivo é a permanência e nada mais do que isso.
"Não são assim tantos os jogadores do Jorge Mendes. O clube trabalha com todos os empresários"
Incomoda-o que, no início da época, possa ter havido alguma desconfiança em torno da equipa que foi, até, catalogada de equipa feita por Jorge Mendes?
-Não me incomoda nada até porque não são assim tantos os jogadores representados pelo Jorge Mendes e pela Gestifute. Passa-nos ao lado, porque o Famalicão trabalha com todos os agentes.
O Famalicão é o plantel mais jovem da I Liga. Esta juventude nota-se no futebol praticado?
-Temos miúdos que se querem mostrar, que gostam de trabalhar e somos algo rebeldes no campo. Provamos que podemos fazer tudo. Em Alvalade e contra o Belenenses mostrámos isso, procurámos sempre sair a jogar mesmo estando a perder e não tivemos medo de arriscar. Se calhar, falta que outros clubes tenham esta coragem de apostarem nos jogadores jovens.
Esta atenção mediática que a liderança tem gerado já ultrapassou fronteiras. Isto pode fazer com que o mercado de janeiro leve alguns jogadores?
-Não sei se há outro clube que possa ter a mesma perspetiva de futuro do Famalicão. Neste momento, toda a gente só pensa no Famalicão.
O grupo também tem passado uma mensagem de serenidade para quando a derrota chegar...
-Ninguém ganha os jogos todos e estamos preparados para perder. Por agora, queremos prolongar este momento durante mais tempo.
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"JOÃO PEDRO SOUSA DIZ PARA NOS DIVERTIRMOS"
Os holofotes em torno do Famalicão têm iluminado essencialmente os jogadores. João Pedro Sousa, o treinador, privilegia a discrição e Pedro Gonçalves revelou a mensagem ouvida no balneário. "É um treinador que procura deixar-nos à vontade e que diz para os jogadores se divertirem". A dupla já se tinha cruzado no Braga, quando Pedro Gonçalves era iniciado e João Pedro Sousa adjunto dos juniores. "No Braga nunca falei com ele. Conhecia os adjuntos", conta, garantindo que entre o grupo "não há vaidades" com a liderança.
O "POTINHO" QUE NÃO QUIS SER "POTÃO"
Pedro Gonçalves começou a jogar futebol no Vidago com sete anos e, nessa altura, era mais conhecido por Potinho. "A minha mãe e o meu avô chamavam-me Potinho em pequeno, porque eu era gordinho. Quando entrei para o Vidago com sete anos, pedi para me colocarem Potinho na camisola", conta.
"A minha mãe e o meu avô chamavam-me 'Potinho'. No Braga queriam chamar-me 'Potão', mas eu não gostava"
Seguiu-se o Chaves, onde Pedro Gonçalves fez 72 golos numa só época nos sub-15, um recorde que se mantém nos flavienses. "Tinha um bom remate com os dois pés" explica. "Potinho" foi do Chaves para o Braga e Agostinho Oliveira, então coordenador de formação, mudou a alcunha. "O Agostinho Oliveira queria tornar-me mais adulto e chamou-me "Pote". Nos juvenis, queriam chamar-me "Potão", mas eu não gostava. Há amigos que me chamam "Pote", mas o melhor é Pedro Gonçalves. Porém, em casa todos me chamam "Potinho", relata. No Braga começou a sentir que tinha "lugar cativo" e mudou-se para o Valência. Porém, no primeiro ano não pôde jogar devido a um erro com a inscrição. "Não podia sair da academia por ser menor", lembra.
SOLTAS
Um João Cancelo que impressiona
Pedro Gonçalves jogava pelos juniores quando estava no Valência, mas foi várias vezes chamado por Nuno Espírito Santo para treinar com o plantel principal, onde privou com Rúben Vezo, André Gomes, João Cancelo ou Nani. "O João Cancelo é impressionante no um para um", comenta. Nos Che, o médio trabalhou dois anos com Toni Martínez, que agora reencontrou em Famalicão.
O médio não pôde jogar no primeiro ano no Valência. Porém, nunca pensou desistir do sonho de ser jogador
Estreia na Taça da Liga marcou
"Pote" realizou um jogo pela equipa principal do Wolverhampton nas duas épocas ao serviço dos ingleses. Foi na Taça da Liga, frente ao Sheffield Wednesday. "Estavam 20 mil pessoas e a maior parte eram adeptos dos Wolves. Impressionou-me".
À espera da atenção de Rui Jorge
Ser chamado à Seleção Nacional sub-21 é um sonho que Pedro Gonçalves tem. Os outros passam por representar a Seleção A e "jogar uma Liga dos Campeões". "Só tenho de trabalhar no meu clube para alcançar outros patamares", sublinha.