Treinador dos sub-19 do FC Porto a O JOGO: "Conhecer o pai do jogador A, B ou C não influencia as opções"
Treinador dos sub-19 do FC Porto garante a O JOGO que a matéria-prima na formação está ao nível das melhores na Europa e aponta a conquista da prova como forma de marcar a história do clube.
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Depois de ter perdido para o Chelsea o acesso ao jogo decisivo da época passada nos penáltis, o FC Porto espera tirar partido da experiência acumulada para superar o Hoffenheim e triunfar na final. Mário Silva assume a O JOGO a ambição de fazer a "dobradinha": campeonato e Youth League.
"Queremos ficar ligados à história do clube com um título europeu"
O que se pode esperar da participação do FC Porto na final-four?
-Essencialmente uma equipa ambiciosa e a querer fazer história. Estarmos nesta fase da competição já é algo de muito positivo, mas não queremos ficar por aqui. Queremos ficar ligados à história do clube com um título europeu.
A caminhada começou de forma irregular. Sente que a equipa cresceu?
-Não podemos esperar que as coisas sejam como queremos logo numa fase inicial, mas também não podemos deixar de lembrar que a fase de grupos foi difícil, apesar de não termos apanhado equipas com nomes sonantes. Nos jogos a eliminar estivemos muito bem e a equipa cresceu. Agora podemos esperar tudo. Temos jogadores de muita qualidade e um coletivo motivado, mas sabemos da dificuldade que vamos ter com o Hoffenheim.
Na época passada, o FC Porto perdeu o acesso à final nos penáltis. Há uma vontade de vingança?
-Sinto uma vontade enorme de fazer melhor. Temos um misto de jogadores que tornam o coletivo muito forte.
A experiência de 2018 pode ser proveitosa?
-Acredito que sim, porque os jogadores que estiverem na final da época passada podem transmitir a outros que vão estrear-se algo positivo. Mas são jogos, jogadores e equipas técnicas diferentes.
Muitos jogadores assinaram contratos profissionais recentemente. O que sente o treinador?
-Um orgulho enorme e dever cumprido. Trabalhamos para que evoluam, cresçam e possam estar em patamares profissionais no nosso clube. Espero que tenham sucesso no futebol e que possam triunfar para, dentro em breve, poder observá-los em grandes jogos na televisão. Principalmente pelo nosso clube.
Vê alguns na equipa principal?
-Sabemos que a percentagem dos que conseguem afirmar-se numa equipa como o FC Porto é pequena. Mas temos de lutar contra isso. Estamos no bom caminho e estarmos dois anos seguidos na final-four espelha o trabalho desenvolvido. Mas não será fácil, face à qualidade da equipa principal.
O que trouxe a Youth League e a Premier League International Cup ao futebol português?
-Podemos medir o nosso valor e comparar com os outros, e os resultados nas duas competições têm sido positivos. Tem mostrado que a nível europeu a qualidade dos nossos jogadores é tão boa ou melhor do que a dos outros.
"Podemos estar tranquilos, temos matéria-prima na nossa formação para competir ao mais alto nível"
Consegue nomear alguns jovens que vê em grandes patamares no futuro?
-Era injusto se o fizesse. Mas podemos estar tranquilos, porque temos matéria-prima na nossa formação para competir ao mais alto nível.
Fábio Silva está no lote?
-Existe o Fábio, como existem outros com qualidade e potencial. Individualizar é injusto.
Gostava de fazer a dobradinha: campeonato e Youth League?
-Adorava. Estamos em condições de o fazer, é um objetivo que ambicionamos e para o qual estamos a trabalhar.
A renovação já lhe foi colocada em cima da mesa?
-Tenho mais um ano de contrato, estou feliz e é aqui que quero continuar.
"O FACTO DE SER AMIGO DO PAI DE A, B OU C NÃO INFLUENCIA AS OPÇÕES"
Ao longo da carreira de jogador, Mário Silva dividiu balneários e relvados com Jorge Silva e Ricardo Sousa, antigos jogadores que hoje têm os respetivos filhos sob as ordens do treinador portista. Mas este garante que a amizade não interfere na hora de escolher: "Temos de ser justos e coerentes enquanto treinadores. O facto de conhecer o pai do jogador A, B ou C não influencia as opções. Na hora do trabalho, temos de ser isentos, justos, coerentes e optar pelos que nos dão mais garantias. Um treinador justo está mais próximo de ganhar a confiança dos jogadores."
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"O SUCESSO SERÁ TRIPARTIDO"
Relacionamento com a equipa principal e a equipa B não podia ser melhor, ao ponto de Mário Silva dividir um eventual sucesso com Sérgio Conceição e Rui Barros.
Como tem sido a ligação entre a equipa principal, a equipa B e os sub-19?
-Um dos motivos do sucesso desta equipa passa pela ligação entre nós e as equipas A e B, nomeadamente com os treinadores Sérgio Conceição e Rui Barros. Existe uma grande proximidade entre nós.
Os jogadores também sentem essa proximidade?
-Sentem. E isso serve de motivação extra aos nossos atletas, para que possam crescer de uma forma mais favorável.
O facto de o espaço físico dos treinos (Olival) ser praticamente o mesmo também contribui para esse crescimento?
-Sim, ajuda à integração e à ligação entre nós. Tenho de agradecer ao míster Rui Barros e ao míster Sérgio Conceição pela cooperação. Se ganharmos a Youth League o sucesso também será tripartido.