Integrante do Quarteto 1111 e benfiquista, fez música para o Benfica (1977) e para o FC Porto (1985) e recebeu de Pinto de Costa um cartão de sócio.
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Nasce no Porto, mas faz-se um benfiquista convicto até hoje. Tozé Brito, o mais prolífero dos compositores, tem mais de 500 músicas patenteadas na SPA. Integrante do Quarteto 1111, grupo icónico, inovador, ainda hoje do mais acutilante que se fez em Portugal, e mente brilhante, de ouvidos apurados, o artista fez músicas para o Benfica e para o FC Porto.
"Escrevo, por pedido, "Venceremos", em 1977, numa altura de sucesso, com os Gemini. Ouvi-a anos na Luz e reapareceu para a Operação Estugarda", relata a O JOGO Tozé, voz principal no coro de "Venceremos". Multifacetado e sem clubite, a amizade a António Tavares-Teles promove uma surpresa e leva-o a compor para o FC Porto, em 1985. A letra ecoa "FC Porto, o maior de Portugal". "Aceitei com toda a honra, mas quem escreveu foi o António. Era o clube da minha cidade e nunca fui anti-portista. Esse hino foi apresentado aos corpos sociais e o Pinto da Costa até me ofereceu uma salva de prata e um cartão de sócio. Um pormenor delicioso, digno do seu sentido de humor, e guardo esse cartão. Só não pago as quotas", graceja.
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"O meu pai era diretor do clube e tenho boas memórias das Antas. Mas quis picá-lo e afirmar a minha independência. Com 12 anos, digo-me benfiquista, meio a brincar. Mas chego a Lisboa em 1969, com 18 anos, para tocar no Quarteto 1111. Começo a ir à Luz, a ver grandes jogos. Era um tempo brutal do Benfica. Fartei-me de os ver ganhar!", confessa Tozé Brito, que assinou outras parcerias com o mundo da bola, fazendo a música oficial de Portugal para o Europeu de 1984. Melhor ainda foram os textos para "Estebes", nessa delirante rubrica do Herman.
"O futebol esteve sempre longe da minha estética musical, mas foi sempre algo aliciante. Melhor é deixares de ver como algo que te apaixona, despires a camisola e veres o lado cómico. Éramos implacáveis e independentes", nota.
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Tozé Brito partilha esperanças numa vitória dos encarnados esta sexta-feira, não deixando de transmitir expectativas relaxadas para mais um clássico na Luz. "Eu aposto no 'Venceremos', será sempre essa a banda sonora predileta. Espero que o Benfica ganhe mas tenho-me habituado a grandes dissabores com o FC Porto. E, sobretudo, não quero ganhar de qualquer maneira, a qualquer custo ou com alguma arbitragem miserável. Se o FC Porto provar que é melhor, como já provou noutras alturas, a vida segue. E ficaremos com a esperança de ganhar no Dragão", observa o músico, desferindo a visão do posicionamento dos dois clubes na esfera nacional e além fronteiras.
"Tenho perfeita noção do impacto dos títulos europeus do FC Porto. Assisti a muitos miúdos em Lisboa assumirem-se portistas. É errado pensar que é um clube regional, do norte. Não é nada! Tem expressão nacional, porque a, certa altura, era o clube que ganhava e dava mais gozo ver jogar. Sofre é com os custos da sua expansão tardia. O Benfica expandiu-se quando o futebol se expandia em Portugal, o FC Porto conhece os seus momentos de glória muito mais tarde, já o universo de adeptos era muito mais benfiquista", relata.