Antigo presidente do Sporting escreveu sobre Octávio Machado no livro "Sem filtro - As histórias dos bastidores da minha presidência".
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Octávio Machado desempenhou as funções de diretor para o futebol do Sporting e é um dos destaques do livro "Sem filtro - As histórias dos bastidores da minha presidência", apresentado esta sexta-feira por Bruno de Carvalho.
"Octávio Machado entrou no Sporting por intermédio de Jorge Jesus. Somente por ele. Somente por isso. E, aqui, uma vez mais, entramos nas tais conversas da estrutura que o Jorge gostava de ter. Disse-nos que o Octávio era alguém com muita experiência e conhecimento do que era o futebol português, e que o Sporting não tinha ninguém assim, dando sempre o exemplo de como era o Benfica, onde existiam várias pessoas com esse perfil. Defendeu que o Octávio era o homem certo para estar a trabalhar com ele e para o ajudar a pôr o Sporting mais perto dos rivais. Porque o Octávio era fundamental, porque o Octávio era imprescindível, porque os outros também tinham profissionais assim e porque, com ele, seria muito melhor. Não vimos qualquer problema em contratar alguém que era tão importante para o nosso novo treinador e fizemos-lhe essa vontade", contou.
"Não demorei muito tempo a perceber, contudo, que o novo diretor-geral do futebol era um elemento altamente perturbador. Todos os dias, por volta das 8h00, punha logo o Jorge fora de si porque começava a ler-lhe tudo o que vinha na imprensa sobre pessoas que poderiam ter emitido uma opinião menos simpática sobre o nosso treinador. 'Já viste o que este diz de ti? E este aqui?' Esta forma de estar mexia muito com o Jorge. Estamos a falar de um homem bastante influenciável e sempre muito preocupado com o que os outros dizem sobre ele. Se houver alguém no meio do deserto que diga algo desfavorável do Jorge, ele vai logo tentar uma operação de charme junto dessa pessoa para que ela mude de opinião. Isto aconteceu várias vezes com alguns comentadores e jornalistas. Para o Jorge, a simples ideia de haver uma pessoa que não gosta dele é absolutamente insuportável. Mas o Octávio, que o conhece há muitos anos, insistia em oferecer-lhe esse relato diário. E, como é um indiviíuo muito culto, fazia uma análise profunda de cada uma das frases que, no seu entender, eram dirigidas contra o Jorge. Não sou homem de fingir. Julgo que o Octávio percebeu desde cedo que, para mim, estaria a mais, continuou Bruno de Carvalho.