<em><strong>ENTREVISTA, PARTE II </strong></em><em><strong>- </strong></em>Fábio Coentrão não se considera o jogador mais importante da história do clube vila-condense, mas lembra que ajudou a construir o sucesso de hoje e apenas quer que a família tenha orgulho pelo que fez.
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Sendo o jogador mais mediático da história do Rio Ave, considera-se também o mais importante e mais marcante de sempre do clube?
-Não considero isso, até porque o Rio Ave teve muitos jogadores marcantes como o André Vilas Boas ou o Tarantini, o nosso capitão, mas sinto que tive muita importância neste clube. Penso que saí por uma verba de um milhão de euros, o que, se calhar, hoje equivale a sete ou oito milhões, mas eram tempos completamente diferentes. Sinto que ajudei bastante o Rio Ave e isso deixa-me muito orgulhoso.
"No nosso tempo sofríamos bastante no clube e passámos por muitas coisas que nem é bom recordar"
Qual a diferença entre o Rio Ave da altura em que saiu pela primeira vez e dos dias de hoje?
-Claro que há uma diferença muito grande. No nosso tempo sofríamos bastante no clube e passámos por muitas coisas, que nem é bom lembrar, mas que fazem parte da história. O importante é olharmos para o clube como está e com a dimensão que alcançou, estando, de longe, entre os seis melhores clubes em Portugal. Temos que fazer com que o clube cresça cada vez mais.
Como projeta o fim de carreira?
-Apenas penso no trabalho diário, sabendo que não será fácil depois de uma longa paragem. Depois, e consoante o que fizer nesta época, penso no futuro.
Como gostava de ser recordado no final da carreira?
-Eu quero é que a minha mulher, os meus filhos e a minha família tenham orgulho na carreira que fiz. Quando tinha 13 anos, os meus pais tiveram que emigrar, fiquei sozinho nesta terra e, juntamente com o Rio Ave, que me ajudou bastante naquela altura porque era apenas um miúdo, consegui construir aquilo que construí. Saí do Rio Ave para o Benfica, depois estive dois anos a tentar impor-me e tive que passar por outros clubes para regressar e mostrar o meu trabalho, chegando depois ao Real Madrid, o melhor clube do mundo, o que não é para todos. Tive cerca de sete anos com contrato com o Real Madrid e com uma renovação pelo meio, o que também não é para todos, assim como não são os cerca de 15 títulos conquistados. Tudo isto fala por si e é um motivo de orgulho para quem gosta de mim.
Produto do futebol de rua
O futebol de rua praticamente desapareceu, mas Fábio Coentrão defende que o Rio Ave oferece hoje mais condições para formar jogadores de topo.
É possível que apareçam mais jogadores como o Fábio Coentrão nas escolas do Rio Ave?
-Esperemos que sim e é por isso que o Rio Ave aposta cada vez mais na sua formação. Pode acontecer, sabendo que não é fácil. Até em clubes como o Benfica, o FC Porto ou o Sporting, não é todos os dias que chegam jogadores ao Real Madrid. Mas as pessoas aqui da terra ficariam orgulhosas se alguém chegasse onde eu cheguei.
Tendo nascido do futebol de rua, acredita que essa aprendizagem se perdeu?
-Está tudo completamente diferente. No nosso tempo tínhamos muitos jogadores nas Caxinas e as pessoas que trabalhavam no Rio Ave, iam lá para ver quem tinha talento e traziam os miúdos para o clube. Hoje em dia os tempos são outros e se calhar já não se veem miúdos com seis ou sete anos a jogar à bola no paralelo ou na areia como no meu tempo, mas a verdade é que olhamos para a formação do Rio Ave e vemos que tem umas condições fantásticas e grandes jogadores, estando todos eles mais perto de chegar mais longe do que na minha altura.
Com as condições atuais, poderia ter ido ainda mais longe ou não dá para comparar?
Até podia não ter saído daqui. Não troco uma vírgula do meu passado.
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