<em><strong>ENTREVISTA, PARTE III -</strong></em> As passagens por Benfica e Sporting alimentaram paixões e rivalidades, levando a que passasse de amado a odiado em pouco tempo
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Do amor ao ódio dos benfiquistas e a paixão sentida quando ingressou no Sporting, o seu clube de coração, o caxineiro fala de tudo abertamente.
Foi feliz e conseguiu títulos no Benfica, mas quando ingressou no Sporting a relação com os adeptos benfiquistas não ficou muito boa. O que recorda?
-Fui feliz no Benfica, os adeptos gostavam muito de mim e é normal que se sentissem um pouco frustrados quando ingressei no rival. As pessoas só falam pelo que saiu nos jornais e por ter ido para o Sporting, mas não sabem o que está por detrás disto tudo. Guardo para mim. Tenho umas costas muito largas e não tenho problema nenhum com isso.
Chegou a ser incomodado pelos adeptos do Benfica?
-Como é óbvio. Mas se pessoas soubessem o que se passou, talvez me dessem um pouco de razão. Isso é passado e se na altura em que deveria ter falado nisso, não o fiz, também não o vou fazer agora. Já é passado.
A entrada no Sporting fica marcada pela declaração em que diz que era sportinguista desde pequenino. Os adeptos do Benfica não gostaram, mas os do Sporting ficaram contentes...
-Eu dei uma entrevista, quando tinha 15 ou 16 anos, a dizer que o meu clube era o Sporting. Penso que 90 por cento da população portuguesa tem dois clubes, o da terra e um dos grandes. Nasci em Vila do Conde e, como é óbvio, sou do Rio Ave, por quem tenho muito amor, e nasci a gostar do Sporting, porque a minha família é quase toda sportinguista. Aprendi a gostar do Sporting, fui sempre adepto do clube e até ia sempre ver os jogos, mas, quando fui para o Benfica, além de ser profissional, criei uma empatia muito grande com os adeptos e com o próprio clube. Quando isso acontece, ficas a gostar do clube, e foi isso que aconteceu, Mas o Sporting foi sempre o clube que gostei desde que nasci, o que é legítimo. Se formos ver ao plantel do Benfica, entre os portugueses que lá estão, de certeza que algum deles é do Sporting ou do FC Porto. Acho isso normal.
No sentido inverso, os adeptos do Sporting ainda hoje falam do Fábio Coentrão com carinho.
-É normal porque eles sabem que, apesar de não ter conseguido ajudar o clube como queria, sendo campeão, sempre fui fiel e sempre dei tudo. O nosso país é mesmo assim e quando vais para um clube e deixas tudo dentro de campo, os adeptos ficam a gostar de ti.
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Esteve por dentro do episódio do ataque à Academia de Alcochete. Como viveu aqueles momentos?
-É complicado estarmos no nosso posto de trabalho e entrarem 50 ou 60 adeptos por ali dentro, o que assusta sempre, mas já me tinha acontecido essa situação no Benfica e, para mim, não foi novo. Não foi dentro das instalações, mas também estávamos no campo quando isso aconteceu e já tinha passado por isso, sendo que em Alcochete foi mais grave, porque no Benfica não agrediram ninguém e apenas chegaram lá para conversar, resolvendo as coisas como tínhamos que resolver. No Sporting foi um bocadinho mais complicado, ao ver companheiros a serem agredidos. Só quem esteve lá no momento é que sabe o sentiu.
Muito se falou sobre a responsabilidade de Bruno de Carvalho, mas o tribunal provou depois que não a teve. O que pensa disso tudo?
-Essa conversa foi feita onde tinha que ser feita, em tribunal, como é normal. Já foi tudo resolvido e tudo dito. Já disse o que tinha a dizer sobre o presidente e para mim não teve nada a ver com isto, mas cada um é livre de pensar o que quer. O assunto já foi tratado, é passado e nem é bom falar nisso.
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